Cris Hoffmann – Mulher, mãe, especialista em investimentos e diversas outras coisas aleatórias.

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Cris Hoffmann

Dia dos Namorados chegando e a gente poderia vir aqui escrever umas linhas bem românticas, com aquele hálito fresco e mentolado do primeiro encontro, mas não. Hoje a história vem com gostinho de comunicação violenta e tapa na cara (mas com boa intenção!).

Essa é uma época das mais lucrativas para o comércio. Corações vermelhos enfeitam as vitrines de qualquer estabelecimento comercial (incluindo-se as lojas de produtos para piscina, casas de ração, retífica de pneus). É praticamente impossível fazer reserva em algum restaurante. Cinemas lotam. Inflação em alta no mercado de rosas vermelhas. Um festival de posts nas redes sociais vendendo a vida amorosa perfeita (e instagramável). E lá se vão os enamorados em busca de um presente à altura de sua paixão (e nem sempre do tamanho do seu bolso).

Foto: Reprodução redes sociais

Os solteiros, por outro lado, e em geral, tendem a ficar meio deprimidos e acuados com a agressividade do clima romântico dessa época. Parece que é ruim não estar em um relacionamento. Mas se a gente pensar bem, não diz o ditado que é muito melhor estar só que mal acompanhado? Acompanhe comigo.

Quantas pessoas você conhece que são realmente felizes em seu relacionamento? Que têm a seu lado um parceiro ou parceira de verdade, no real sentido da palavra, além do mero romantismo? Que convivem de forma amorosa, respeitosa, de mútuo apoio e incentivo? Que melhoraram como seres humanos após esse encontro?

Porque o contrário é bastante verdadeiro, basta a gente ver o número de divórcios no País. Os dados mais recentes divulgados pelo IBGE mostraram que, em 2022, foram registrados 970 mil casamentos e 420 mil divórcios, ou seja, a cada dois casamentos, houve um divórcio naquele ano. Em 2010, essa relação era de 4 x 1, portanto os brasileiros estão se divorciando mais, e mais rápido, segundo a fonte.

Em que pese o argumento popular de que se casamento fosse bom, não precisava assinar um contrato, sou da opinião de que grande parte dos divórcios acontecem porque as pessoas se casam pelos motivos errados. Apoiam sua decisão em fatores efêmeros, rasos, e se esquecem de que um compromisso assumido vem com bônus e ônus. Que cada um tem que fazer sua parte para cultivar aquela vida conjunta e que a rotina fica bem mais pesada quando cessa o efeito químico da paixão no cérebro. Casar só porque está apaixonado, porque a cara-metade é bonita, sexy, sarada, ou possui um hobby em comum, convenhamos, é muito pouco. Parece coisa de adolescente. “Nossa, ela também gosta de beach tennis, fomos feitos um para o outro!”

É preciso muito mais que interesses em comum para que se construir um relacionamento. E é bom a gente pensar nisso antes de se envolver em uma relação mais séria, já que isso envolve ter nossa intimidade vulnerabilizada, gera responsabilidade afetiva com a outra pessoa e também pode trazer futuros desdobramentos não previstos – no aspecto financeiro, por exemplo. Dividir a vida com alguém, casando ou não, tem impacto direto na vida financeira de uma pessoa. Para o bem e para o mal. E qualquer término de relacionamento, mas principalmente um divórcio, custa caro. E não só no sentido financeiro.

Claro que ninguém está dizendo que você precisa permanecer em um relacionamento que te faz mal. Hoje, graças a Deus, temos um pouco mais de espaço para discutir violência doméstica, relacionamentos tóxicos e toda a sorte de mecanismos de manipulação psicológica que adoecem as pessoas, especialmente as mulheres, em relacionamentos doentios. Pesquise sobre ghosting, gaslighting, love bombing e companhia. Livrar-se de um ciclo desses é, mais que uma vitória, um fator de sobrevivência. E as sequelas podem ser profundas. Não é fácil, mas quantas pessoas você conhece que decolaram na vida após livrarem-se de relações prejudiciais?

Com tudo isso, podemos pensar que a melhor forma de evitar um divórcio, ou um término de relacionamento nem sempre fácil de se resolver, seria escolhendo muito bem a pessoa com quem você se relaciona. Não se deixar levar tanto pelas paixonites agudas, pelas aparências, por superficialidades, e prestar mais atenção em valores e atitudes. São Francisco de Assis já disse “um dia eu acreditei em palavras”. Palavras nem sempre dizem a verdade, mas as atitudes em geral não mentem.

Preste atenção na forma como a pessoa trata os familiares e o garçon. Como ela trata pessoas diferentes dela? Como ela fala de quem não está presente?

Preste atenção na forma como ela te trata. Ela te respeita?  O que ela faz e diz te abastece, ou te esgota? Ela te elogia e incentiva, ou passa o tempo todo tentando minar sua autoestima, com críticas passivo-agressivas disfarçadas de piadinhas? Aliás, que tipo de humor ela faz? É um humor que sempre envolve aspectos pejorativos em relação às pessoas?

Você pode contar com essa pessoa? Ela é confiável? Ou vive dando desculpas para frustrar os combinados? Como ela fala de relacionamentos anteriores? Ela é estável, ou fica te manipulando, ora sendo extremamente carinhosa, ora indiferente? Essa presença te traz tranquilidade ou ansiedade? Traz alívio e calma, ou gera tensão? Você se sente pisando em ovos na presença dessa pessoa, sempre com medo de que algo a desagrade?

Preste atenção nos valores que a pessoa demonstra ter em relação à vida. Se é alguém que trabalha, que busca desenvolvimento pessoal e profissional, com ambição de se melhorar e de melhorar a própria vida. Se honra seus compromissos e sua palavra. Se é responsável com suas atribuições. Se é alguém generoso, sensível aos problemas sociais, com empatia. Veja se é uma pessoa leal no trabalho; ou você acredita que quem engana colegas ou clientes será honesto contigo?

Não se contente com migalhas. Quem quer verdadeiramente estar contigo não usa artimanhas, não cria dificuldades, não tira sua paz. Se quiser ter alguém ao seu lado, queira quem esteja ali por inteiro, que venha para somar, para trazer calma e alegria ao seu infinito particular. A forma como a pessoa te trata fala sobre ela, mas é você quem estabelece até onde ela pode ir.

Não tente forçar. Como dizem, se tem que forçar, é porque não é do seu tamanho, e isso vale para muita coisa, inclusive roupas, sapatos e relacionamentos. Fico imaginando a quantas anda a autoestima daquelas pessoas que encomendam as “amarrações do amor” (e pagam caro por elas, suspeito). Como se sentiria sabendo que a pessoa não está com você porque ela quer, e sim porque foi manipulada energeticamente? Conseguiria viver de forma feliz?

Acredito que, em termos de relacionamento afetivo, o básico bem feito é o que gera o melhor resultado. Sabe aquela história de ter a sorte de um amor tranquilo? A vida da gente já é tão tumultuada, é conta pra pagar, trânsito, estresse, vizinho mal-educado, música ruim e gente doida por todo lado… por que não buscar a serenidade, primeiro dentro da gente mesmo, e depois no nosso relacionamento?

Se é pra namorar qualquer um, melhor ficar solito e livre de problemas. Aproveite o seu tempo, faça coisas que te agradem, que te preencham, cuide de você. Se dê um presente de Dia dos Namorados, se quiser, e celebre seu amor maior, que é o amor próprio. E já que hoje estamos cheios de chavões e clichês por aqui, segue mais um: cuide do seu jardim para que as borboletas venham até ele.

E se você já encontrou o seu grande amor, cuide bem dele! Mas cuide primeiro de você. Sempre.

Feliz Dia dos Namorados!

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