Na alta ou na baixa, as movimentações da Selic são sempre notícia. E não é por menos: ela é a taxa básica de juros, referência para todas as outras taxas de juros da economia do nosso país.

No momento, o Banco Central (BC) vem elevando a taxa que, das mínimas históricas de 2%, já foi levada aos atuais 13,25% na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) de junho. Esse aumento impacta desde o preço do pãozinho até os juros dos empréstimos e pode favorecer alguns tipos de investimento.

Mas, antes de falarmos sobre isso, é preciso entender um pouco mais sobre a Selic, como ela funciona e para que serve.

O que é a taxa Selic, afinal?

Assim como os bancos emprestam dinheiro a seus clientes, as próprias instituições financeiras emprestam recursos entre si. E essas operações ocorrem, basicamente, porque os bancos precisam ter recursos mínimos para realizar suas movimentações em determinado dia. Quando uma instituição não consegue atingir esse recurso mínimo, recorre a outro banco, tomando esse valor emprestado. Geralmente essa situação se normaliza em apenas um dia útil, por isso dizemos que são operações de curtíssimo prazo.

Quando a garantia dada para essa transação são títulos públicos, ela é registrada no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic), e a taxa cobrada é a Selic. Se a operação é feita sem a garantia de títulos públicos, a taxa denominada Certificado de Depósito Interbancário, o CDI (lembra dele?).

O CDI é um dos principais indicadores quando falamos de investimentos. Você já teve ouvido, em algum momento, algo do tipo: este investimento rende 80% do CDI, certo? O CDI anda lado a lado com a Selic, com uma pequena variação. Então, se a Selic sobe, os investimentos ao CDI vão render mais, se cai, vão render menos. E por aí vai.

E por que a Taxa Selic aumenta?

Como falamos, a Selic, ou taxa básica de juros, é a referência para as demais taxas de juros, como as taxas de empréstimos, cartões de crédito e cheques especiais, por exemplo.

Na prática, isso quer dizer que se você pretende pegar dinheiro emprestado, uma Selic alta vai influenciar a taxa de juros do empréstimo, que tende a ficar mais caro. E vice-versa: com a Selic mais baixa, um novo empréstimo provavelmente será mais em conta.

Com uma taxa de juros mais elevada os juros praticados na economia tendem a aumentar o quem desestimula o consumo da população, segura os investimentos das empresas e, consequentemente, contém a inflação.

A Selic também afeta indiretamente o câmbio, influenciando no valor do real em relação a outras moedas. De uma forma geral, quando a Selic aumenta, os investimentos financeiros em renda fixa pós-fixados no país passam a ser mais atrativos para estrangeiros. A entrada de dólares no país favorece o fortalecimento do real frente à moeda norte-americana, caso outros fatores que influenciam o câmbio fiquem neutros.

O principal motivo para os últimos aumentos na Selic é a busca pela contenção da inflação, que acumulou 11,73% nos últimos 12 meses (referência maio/2022).  E por que é que mesmo com estes aumentos recentes da Taxa Selic, a inflação continua subindo?

Nos últimos anos observamos a elevação global dos preços das commodities. O aumento do trigo, boi gordo e petróleo nos mercados internacionais, eleva os preços do pãozinho, da carne de panela e da gasolina no seu bairro. Pensa num carro a 100km/h, até ele parar depois dos freios acionados, um bom caminho é percorrido.

A resposta da inflação ao aumento das taxas de juros responde de forma parecida. Leva algum tempo até que o aumento generalizado dos preços seja contido pelas políticas econômicas dos governos.

E quem é que toma essa decisão?

Quem define a manutenção, aumento ou redução da Selic é o Comitê de Política Monetária, o famoso Copom. Subordinado ao Banco Central, o Comitê foi inspirado no modelo americano, o FOMC – Federal Open Market Committee.

Cada reunião do Copom é acompanhada sob o olhar atento dos grandes investidores. Não só pelo posicionamento em relação à Selic, mas também pelo conteúdo do relatório divulgado após a decisão. O documento é rico em informações sobre como o Comitê enxerga o cenário econômico, bem como oferece alguma margem para projetar futuras decisões do órgão.

Reunião do Copom de junho

No último dia 15, o Copom anunciou o 11º aumento consecutivo da Taxa Selic desde o início do ciclo de alta, em março do ano passado. Essa última alta levou a taxa básica a 13,25%, atingindo o seu maior patamar desde 2017.

Conforme o Comitê sinalizou na última ata, ainda existe possibilidade de nova elevação para a próxima reunião. Por isso, é sempre bom ficar de olho no comunicado e na ata.

E como ficam os meus investimentos?

Para o investidor, o cenário de alta da Selic traz novas oportunidades na renda fixa, especialmente em títulos pós-fixados. É o caso do Tesouro Selic, que acompanha diretamente a Selic e de títulos privados como CBD, LCA e LCI, que estejam atrelados ao CDI.

Na prática, isso significa que, com uma Selic em 13,25% a.a., estes investimentos podem apresentar rentabilidades acima de 1% ao mês, tornando-se bastante atrativos para o investidor que busca retornos em investimentos de menor risco.

Mas vale lembrar que os títulos do Tesouro Direto e os CDBs não são isentos de Imposto de Renda. Eles seguem a tabela regressiva e o imposto é retido na fonte. Já as Letras de Crédito, como LCA e LCI, contam com isenção de Imposto de Renda, mas é importante verificar o período de carência mínimo de 90 dias.

Além disso, ativos indexados à inflação, como o Tesouro IPCA são uma opção para os clientes que querem proteger seu patrimônio da inflação. Lembrando, é claro, que o retorno é garantido para quem resgata o título no vencimento.

Está claro que as mudanças na taxa Selic são frequentes e afetam diretamente os investimentos. Por isso, ter uma carteira diversificada, preparada para estes movimentos é regra para o investidor inteligente. Adotando essa estratégia, você protege seu patrimônio, potencializa a rentabilidade e ainda mitiga os riscos, sempre obedecendo os limites do seu perfil de investidor.

A dica é sempre ficar de olho nas movimentações do mercado para aproveitar as oportunidades e, para isso, você pode contar com as nossas Carteiras Sugeridas BB. Nelas você encontra as sugestões dos nossos especialistas, sempre pensando no melhor para te ajudar a alcançar os seus objetivos.

Comentários:

Seu e-mail não vai aparecer no comentário.

Carregando Comentários...