
Por Yuri Storch, especialista em Estratégia de Alocação
Cenário Interno: novos dados de inflação e pautas legislativas
Os dados do IPCA de março e do IPCA-15 de abril trouxeram certo alívio aos mercados. Esses indicadores surpreenderam positivamente o mercado, após meses com dados acima das expectativas. No anual, o IPCA fechou em 4,65%, dentro do limite do teto da meta.
Mesmo com esses dados positivos, o mercado reajustou as projeções de inflação para cima mais uma vez, muito influenciado pela precificação que a recomposição do ICMS sobre os combustíveis pode impactar nos índices de preço aos consumidores nos próximos meses.
Em paralelo, as regras do novo arcabouço fiscal foram apresentadas ao Congresso, que está analisando a proposta antes de sua deliberação em plenário, prevista para ocorrer ainda em maio. Na sequência, o governo pretende deliberar também a Reforma Tributária, que pode complementar alguns pontos do marco fiscal.
A bolsa sentiu a volatilidade ao longo do mês, mas fechou em campo positivo com crescimento de 2,50%, aos 104.431 pontos. Os índices de renda fixa também tiveram bom desempenho, em especial os indexados à inflação. O IMA-B fechou em 2,02% e o IMA-B 5+, referente aos títulos mais longos, em 3,03%.
Cenário Externo: petróleo e atividade econômica
No campo global, vimos a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) decidir por um corte na produção de petróleo na esfera de 1 milhão de barris por dia, o que causou bastante volatilidade no mercado global da commoditiy. A premissa por trás dessa decisão foi, justamente, a desaceleração da economia global, muito por causa dos apertos monetários que os bancos centrais do mundo desenvolvido vêm realizando.
Embora a restrição de liquidez da economia já possa ser sentida em alguns setores, impactando no mercado de crédito e influenciando na crise bancária, os dados de inflação e de atividade econômica ainda retratam um cenário desafiador.
Os dados de inflação tanto dos EUA como da Área do Euro vêm retraindo desde o segundo semestre de 2022, embora ainda longe da meta de 2% ao ano. O que preocupa os governos ainda é que a inflação núcleo, que exclui os itens mais voláteis, continua se mostrando muito resiliente.
Os dados do PMI (índice de gerente de compras) corroboram com essa leitura, mostrando que essas economias estão ainda com a atividade econômica em patamar expansionista. Ao destrinchar o índice, observamos o setor de serviços liderando o crescimento, e os índices do setor industrial em campo significativamente contracionista, sentindo os efeitos das restrições de crédito.
Dessa forma, o mercado ainda precifica uma possível recessão nos EUA e, em menor grau, na Europa, o que devemos manter como um sinal de alerta para os nossos investimentos. Não obstante, as bolsas reagiram de forma positiva no mês: o S&P 500 subiu 3,62%, enquanto o MSCI Europe encerrou o período com alta de 3,62%.
Como ficam as carteiras em maio?
Para maio, mantemos as mesmas recomendações do mês anterior, visto que os acontecimentos das últimas semanas não resultaram em impactos significativos o suficiente para alterarmos o nosso rumo.
O aumento na exposição da classe de ativos prefixados, realizada no mês anterior, vem capturando de forma positiva o fechamento da curva de juros, e entendemos que há ainda espaço para continuidade dos ganhos, principalmente nos títulos com vencimentos mais longos.
No exterior, mantemos a redução na exposição a bolsas globais. A alta probabilidade de recessão nos EUA, que pode vir no segundo semestre do ano, contribui para a recomendação de que o investidor deve ter mais cautela com essa classe de ativos ao longo dos próximos meses.
Fechamento
Em maio, celebramos uma das datas mais importantes do ano: o Dia das Mães. Aquela que com cuidado singular com seus filhos serviu de inspiração para diversos contos e histórias.
Guardadas as devidas proporções, assim como uma genitora cuida e protege seus filhos, o investidor deve zelar por seus investimentos. Deve orientar sua carteira com boas decisões, prepará-la para o futuro, e saber dizer quando é o momento de esperar, e quando é o momento de avançar.
É curioso que, em Portugal, o Dia das Mães é comemorado no primeiro domingo de maio, e não no segundo. Na Tailândia, então, é no dia 12 de agosto. Na Argentina, é no terceiro domingo de outubro.
Cada região tem sua própria cultura e suas próprias singularidades, assim como cada investidor tem um perfil diferente, e deve adaptar sua carteira de acordo. Como as mães costumam dizer: “Você não é todo mundo!”. Dessa forma, atualizamos periodicamente quatro carteiras sugeridas, uma para cada perfil de investidor, com o objetivo de melhor orientar os diferentes tipos de investidor.
Mãe sempre tem razão, e acho que todo mundo já ouviu um “na volta a gente compra”. Mas é preciso fazer um adendo aqui, pois, quando tratamos de investimentos, é importante não deixar para começar a investir na “volta”. O melhor dia para dar início foi ontem. O segundo melhor é hoje.
Para auxiliar nessa jornada, o BB disponibiliza um time de gerentes e especialistas para orientar seus clientes. Desejamos a todos um excelente mês de maio e um ótimo Dia das Mães.
Um forte abraço
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