O empreendedorismo feminino segue em alta no Brasil. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são mais de 30 milhões de empreendedoras espalhadas pelo país.
Chama a atenção o fato de que 26% delas abriram os seus negócios durante a pandemia. O número é um atestado de que os desafios dos últimos anos não foram suficientes para diminuir a força de vontade e a resiliência dessas mulheres.
O maior número de espaços ocupados pelas mulheres no empreendedorismo também encontra reflexo em outros segmentos. Hoje, elas já representam pouco mais de um terço das lideranças nas empresas, e esse número deve seguir em crescimento.
Os dados mostram o que toda brasileira empreendedora já sabe por experiência própria: as mulheres demonstram garra na hora de conquistar os seus objetivos.
E, neste Dia Internacional da Mulher, nada melhor do que buscar inspiração na trajetória de uma delas: Lívia Viana – idealizadora da startup Ela Faz.
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Mulheres empreendedoras são mulheres que transformam
Há muitas definições de empreendedora, quase sempre ligadas à possibilidade de transformar em realidade os seus projetos e de encarar desafios e apresentar soluções.
Mas, para as mulheres empreendedoras, há mais desafios do que simplesmente abrir e tocar um negócio. Apesar de ser uma luta antiga, a batalha delas para redesenhar a divisão de papéis sociais entre homens e mulheres ainda segue firme na sociedade.
Pode parecer irreal para as gerações mais jovens, mas, até 1962, as mulheres brasileiras precisavam de autorização do pai ou do marido para trabalhar, ter uma conta em banco e abrir um negócio. E, mesmo se autorizadas, o direito poderia ser revogado a qualquer momento por quem tivesse emitido a permissão.
A luta feminina conseguiu derrubar essa barreira, mas as pioneiras do mercado de trabalho ainda precisavam lidar com os obstáculos da desigualdade de gênero em vários aspectos, com destaque para a diferença salarial. Aliás, essa ainda é uma questão a ser superada.
De acordo com a pesquisa Estatísticas de Gênero – Indicadores sociais das mulheres no Brasil, feita pelo IBGE, apenas 37,4% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Para piorar, o salário recebido também é menor. Segundo dados da agência Catho, mulheres ganham, em média, 34% menos do que os homens, mesmo ocupando os mesmos cargos e realizando as mesmas tarefas.
O empreendedorismo feminino é uma das ferramentas que as mulheres têm usado para combater essas desigualdades. Motivadas a mudarem as suas realidades e as de outras mulheres, mais de 70% das empreendedoras no Brasil empregam somente outras mulheres.
Hoje, elas contribuem cada vez mais para o crescimento da economia, e o seu sucesso permite uma atualização da cultura de mercado. Pelo exemplo, também estimulam mais mulheres a enfrentar as dificuldades e empreender, buscando, na iniciativa, um lugar de protagonismo na própria história.
Ela Faz: conheça a startup da Lívia Viana
Ela Faz (@elafazoficial) é o nome da startup da maranhense Lívia Viana. Engenheira e administradora que atua, há 12 anos, no ramo de construção civil, conciliando o trabalho com a maternidade – ela é mãe de duas meninas.
Em 2020, Lívia fundou a Ela Faz, startup que tem como objetivo capacitar mulheres para atuar na construção civil e intermediar a contratação de mão de obra feminina.
As primeiras turmas de capacitação foram realizadas por meio de parcerias. Foram oferecidos os cursos de pedreira, eletricista, pintora e montadora de móveis.
Em um ano de funcionamento, duzentas mulheres foram capacitadas e mil famílias foram impactadas diretamente.
O sonho de Lívia é ver uma grande transformação social por meio do empreendedorismo feminino e da mudança na qualidade de vida de inúmeras mulheres. Para isso, tem dedicado a maior parte do seu tempo a fazer o negócio dar certo, como gosta de enfatizar.
“É um desafio pessoal pra mim. Eu preciso fazer dar certo. Por isso, tanta dedicação e energia”, diz Lívia.
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As mulheres da Ela Faz
A empresa tem atendido a dois perfis: jovens entre 18 e 29 anos e mulheres com mais de 40 anos. As mais jovens buscam a entrada no mercado de trabalho. Lívia destaca, com orgulho, que algumas acabam se interessando pela área e ingressam no curso superior.
“Temos jovens que, mesmo cursando a graduação, continuam trabalhando conosco (arquitetas, engenheiras e designers), porque querem ter o conhecimento prático da realidade”, destaca.
Já as mulheres de mais de 40 anos buscam recolocação no mercado de trabalho e independência financeira. A maior parte deste grupo está em situação de vulnerabilidade e busca uma oportunidade de melhoria.
“Algumas buscam o curso para poder construir a sua própria casa, pois muitas moram em apenas um quarto e às vezes não possuem nem banheiro em casa”, explica Lívia.
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O lugar da mulher é onde ela quiser
A área da construção civil é, predominantemente, masculina. Mas isso não impediu Lívia de encarar o desafio e ainda proporcionara outras mulheres a oportunidade de atuarem na área.
Lívia se define como uma mulher forte, “dura na queda”. A empreendedora conta que a paixão pela construção civil nasceu quando ela e o marido abriram uma empresa de pré-moldados, exigindo uma busca por conhecimento técnico. Então decidiu fazer engenharia e se tornou a responsável técnica da empresa. “Gosto demais de construir, gosto de ver as coisas tomando forma”, relata.
A empreendedora recorda que a ideia de oferecer cursos na área de construção civil surgiu das próprias mulheres. “Eu já fazia ações em algumas comunidades para apoiar as mulheres. Elas sugeriram a área de construção civil. Queriam cursos diferentes do que vinha sendo oferecido, como manicure, crochê, etc.”, lembra Lívia.
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Construção civil e os seus desafios
De acordo com a empreendedora, a difícil inserção da mulher no mercado da construção civil não era apenas uma questão de capacitar, mas de criar condições para que ela possa realmente atuar.
“Percebemos a dificuldade em inserir estas mulheres fora do ambiente Ela Faz, como em uma construtora, por exemplo. Havia a necessidade de resolver questões básicas de estrutura.”
Para superar esse desafio, a startup passou a fazer a própria integração no ambiente da construção civil. Tudo isso para criar mais conexão entre as profissionais e os clientes.
Sororidade, empatia e aliança são elementos que fazem parte da proposta da Ela Faz, segundo a criadora. No entanto, Lívia ressalta que ainda é um desafio ensinar o apoio entre as mulheres. “Precisamos ensinar muito a segurar uma na mão da outra, apoiar umas as outras. Enfatizar a necessidade da sinergia entre nós, que juntas nós multiplicamos, e os nossos resultados são melhores.”
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Sonhar e realizar
Lívia assegura que é importante ser, em igual medida, sonhadora e realizadora. E dá a dica sobre o perfil ideal, segundo ela, para encarar esses desafios:
“É a mulher corajosa, resiliente para suportar todos os desafios. É humilde para reconhecer que precisa ouvir e aprender e que não sabe de tudo. Persistente diante das dificuldades, que entende e vai. Que esgota as suas possibilidades e abre a sua mente para novas oportunidades. E, muito importante, acreditar em si mesma, acreditar no seu potencial”, ressalta.
Sobre transformar sonhos em realizações, a empreendedora ainda conta que, este ano, a startup deve lançar uma plataforma de cursos EaD e o aplicativo da Ela Faz.
Lívia conta que uma outra novidade, o projeto Carreta do Conhecimento, irá oferecer cursos na área de tecnologia e inovação. “Nossa meta é capacitar dez vezes mais mulheres do que em 2021, ou seja, 2 mil mulheres”, calcula.
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Fazer é transformar
O nome da empresa reflete, na prática, a história que a empreendedora vem escrevendo ao transformar a realidade de muitas mulheres.
“Eu acredito que ainda tem muito a ser feito. Eu percebo que as pessoas veem a plataforma e o que gente faz como algo grandioso, mas eu vejo que ainda precisamos fazer muito. Ainda é pouco diante da realidade que vivemos. Pretendo realizar muito mais”, afirma Lívia.
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BB pra Elas: incentivo para realizar sonhos e projetos
Histórias como a da Lívia mudam vidas e inspiram outras pessoas. E é com esse sentimento que o BB lançou em 2022 no Dia Internacional da Mulher, o BB pra Elas. Um movimento de apoio ao empreendedorismo com base em três pilares:
* Soluções Financeiras: apoio a empreendedoras com crédito, investimentos e gestão do fluxo de caixa.
* Educação Empreendedora: auxílio para o desenvolvimento de competências e habilidades que vão ajudar o sucesso do negócio.
* Saúde e Bem-Estar: descontos em exames, consultas e atendimentos médicos e psicológicos.
Em 2023, o movimento evoluiu e passou a se chamar Mulheres no Topo. Um espaço criado para oferecer as ferramentas necessárias para que as mulheres empreendedoras possam crescer e alcançar ainda mais sucesso em seus negócios.
Quer saber mais? Você pode conferir os benefícios e as vantagens destinadas às mulheres, na página bb.com.br/mulheresnotopo.
Caso as histórias da Lívia e da Ela Faz tenham inspirado você a abrir o seu próprio negócio, encontre, aqui no Blog BB, um guia completo para aprender a abrir o seu MEI, e dar o pontapé inicial ao começar a empreender.
Conhece histórias de mulheres empreendedoras que transformaram a vida de outras mulheres? Então compartilhe aqui nos comentários.
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