Responda rápido: você é uma pessoa que pensa muito sobre o futuro ou faz parte do time que prefere viver no presente? Se não gosta ou está desacostumado a planejar o amanhã, saiba que a maioria dos brasileiros também é assim.

Uma pesquisa nacional realizada pelo Datafolha aponta que 67% dos brasileiros (dois terços) não têm nenhum dinheiro guardado destinado a emergências ou caso percam o emprego. O levantamento mostra, ainda, que apenas 52% da população contribui para o sistema oficial do INSS, enquanto somente 13% possui algum plano de previdência privada.

Todos esses dados demonstram que os brasileiros estão muito mais propensos ao imediatismo do que ao planejamento. Ou seja, buscam resultados ou satisfação imediata sem considerar as consequências a longo prazo.

E isso pode ser um costume muito perigoso para o bem-estar financeiro, pois evitar um planejamento prolongado impede e tende a atrasar a conquista de metas, além de poder comprometer a segurança financeira futura.

Mas quais fatores estão por trás desse comportamento de grande parte da população?

Algumas razões podem ser apontadas. Porém, no intuito de realmente compreendê-las, precisamos viajar no tempo e analisar o Brasil há algumas décadas, quando fomos assombrados pela hiperinflação. 

A hiperinflação na economia brasileira 

Os anos 1980, também conhecidos como a década perdida, foi um período turbulento na história econômica do Brasil, marcado por uma crise profunda e, em particular, pela inflação desenfreada.

Com a economia muito pressionada por uma imensa dívida externa e pela dependência da moeda estrangeira, o país enfrentou uma situação muito complicada. Uma das principais causas foi a implementação de políticas econômicas instáveis e descoordenadas, caracterizadas por uma expansão descontrolada do gasto público e a emissão excessiva de moeda.

Sim! Em diversos momentos, o governo financiou déficits orçamentários imprimindo dinheiro, o que levou a um aumento rápido na quantidade de moeda em circulação. Com isso, os índices de inflação disparavam constantemente.

A instabilidade política, definida por mudanças frequentes de liderança, também dificultou a implementação de políticas econômicas consistentes. Os diversos planos econômicos lançados à época, como o Plano Cruzado em 1986, foram ineficazes e não resolveram o problema. Estima-se que, em 1989, a inflação chegou a assustadores 1.782,90%.

Como a hiperinflação afetou a população brasileira?  

A alta contínua de preços prejudicou o poder de compra, dificultou o planejamento financeiro e afetou diretamente o padrão de vida das pessoas. Os mais novos não vão se lembrar, porém, com frequência, o dinheiro correspondente às compras do supermercado em um mês mal era suficiente para comprar carne e leite no mês seguinte.

Devido à constante elevação dos preços, o poder de compra das pessoas acabou diminuindo. Isso alterou os padrões de consumo e a forma como as famílias geriam as finanças.

Os salários perdiam valor rapidamente, e os brasileiros enfrentavam uma corrida contra o tempo para gastar o dinheiro antes que se desvalorizasse ainda mais. Era necessário comprar grandes quantidades de itens quanto antes. Os supermercados vivenciavam verdadeiras corridas, incluindo prateleiras esvaziadas bem depressa.

A instabilidade econômica também instigou desconfiança em relação às instituições financeiras e ao sistema bancário. Muitos preferiam manter dinheiro em espécie em vez de depositá-lo em contas bancárias, buscando evitar perdas com a desvalorização da moeda.

Além disso, em 1990, o pacote de reformas econômicas conhecido como Plano Collor congelou depósitos bancários e poupanças por 18 meses.  O confisco afetou diretamente a população, que ficou sem ter como pagar as contas mais básicas, como água, luz e até mesmo o aluguel. Difícil imaginar isso, não é? Mas aconteceu!

Tal medida criou uma ideia de bancos e poupanças como locais inseguros para guardar dinheiro. Os acontecimentos permearam a memória coletiva e moldaram as decisões financeiras de muitos brasileiros.

O impacto psicológico pode ter influenciado uma mentalidade mais voltada ao curto prazo, já que as pessoas estavam constantemente preocupadas em preservar o valor do seu dinheiro em um ambiente econômico instável.

E o que é imediatismo financeiro?

Um experimento realizado em 1960 pelo pesquisador Walter Mischel, da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, ajuda a explicar o imediatismo. A experiência era bastante simples: uma pessoa conduzindo o estudo explicava a uma criança que ela poderia comer um marshmallow naquele momento, mas, caso aguardasse 15 minutos, receberia outro. Em seguida, o adulto saía da sala e deixava a criança sozinha com o doce.

Pode parecer descomplicado, mas imagine como as crianças se sentiram diante de um doce tão delicioso… E a questão principal do experimento gira, justamente, em torno do autocontrole e dos seus benefícios, afinal, os pequenos sabiam que poderiam ganhar outro marshmallow se esperassem mais alguns minutos. No entanto, quem optasse por comer a guloseima logo — algo muito mais fácil, com toda a sinceridade — não receberia a recompensa depois.

Após os testes, os resultados revelaram que apenas um terço das crianças conseguiram resistir à tentação e adiaram o recebimento da gratificação. Esses participantes, que continuaram sendo acompanhados, demonstraram ter mais autoestima no futuro, além de serem mais saudáveis e apresentarem melhor desempenho tanto na escola quanto no trabalho. 

O interessante é que a dinâmica também ecoa no âmbito financeiro, no qual adultos enfrentam questões parecidas quando se trata de resistir, ou não, à tentação do consumo imediato. O desafio, portanto, está em cultivar uma mentalidade que valorize o prazer imediato e a estabilidade financeira a longo prazo.

Imagine, por exemplo, que recebeu um bônus considerável no trabalho e, em vez de utilizar a quantia extra para quitar dívidas, criar uma reserva destinada a imprevistos ou até mesmo usá-la em uma viagem especial, decide gastar tudo comprando itens de consumo imediato, como o último modelo de um smartphone ou roupas e cosméticos de luxo. É satisfatório comprar esses itens? Com certeza! Mas serão realmente necessários? Qual o impacto na sua saúde financeira?

É possível equilibrar o imediatismo e as metas para o futuro?

Sim! Equilíbrio é fundamental em todas as áreas da vida, e isso inclui as finanças. Ao adotar hábitos que criem um meio-termo entre a satisfação imediata e os objetivos de longo prazo, você consegue cultivar uma abordagem mais consciente e sustentável em relação ao dinheiro. Algumas estratégias podem envolver os seguintes passos.

Investir em educação financeira – a educação financeira ajuda a desenvolver as competências necessárias para fazer escolhas bem-informadas sobre finanças. Quanto mais conhecimento tiver sobre orçamento, planejamento financeiro, investimentos, entre outros termos, mais fácil será equilibrar as necessidades a curto e longo prazo.

Há diversos materiais, vídeos e cursos sobre o assunto na internet. O Blog BB disponibiliza conteúdos sobre finanças pessoais que abordam diferentes temas, de gastos com o cartão de crédito a dicas de economia em compras online.

Construir uma reserva de emergência – imprevistos acontecem e, às vezes, até com mais frequência do que imaginamos ou gostaríamos. Ter uma reserva de emergência pode ajudar a lidar com adversidades, como despesas médicas , reparos em casa, perda de emprego ou outras situações inesperadas, sem comprometer metas a longo prazo.

Criar um planejamento – o planejamento financeiro é, sem dúvidas, o nosso melhor amigo a todo momento. Saber o destino do seu dinheiro, estabelecer objetivos, diminuir gastos supérfluos e investir ou poupar para o futuro é essencial.

Se a intenção é comprar um carro, por exemplo, antes de adquiri-lo, coloque no papel como isso pode afetar as finanças, se consegue cortar gastos e a viabilidade de incorporar as prestações no seu orçamento sem comprometê-lo.

O App BB conta com uma ferramenta muito interessante para auxiliar na construção do planejamento financeiro: a funcionalidade Minhas Finanças. Lá é possível definir quanto quer e pode gastar por mês. A partir daí, o aplicativo mostra se você está dentro ou não da meta, exibe os gastos organizados por categorias e, caso sobre algum dinheirinho no fim do mês, ainda envia opções de investimento para fazer o valor render.

Banner com fundo azul. Na direita imagem de mulher sorrindo. No canto esquerdo texto:

Título: Sua vida financeira em um clique

Com o Minhas Finanças BB, você tem acesso a todas as informações sobre despesas, contas, agenda financeiras e muito mais. 

Botão: Baixe o app e confira

Outro aspecto útil é conseguir ver os gastos exatos com alimentação, saúde, casa e lazer. Também há a possibilidade de criar categorias específicas para o seu perfil. Isso facilita observar os hábitos e definir onde os ajustes são necessários.

Tenha em mente que a busca pelo equilíbrio financeiro não é uma corrida de velocidade. Com paciência, planejamento e um olhar atento ao que realmente importa, construa as bases para um futuro onde o bem-estar financeiro será mais sólido e gratificante. 

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