Por Thiago Parente, founder e CEO da iRancho

Já imaginou como serão as fazendas de corte daqui a 20 anos? Avançadas, tecnológicas e gerenciadas como grandes empresas. É nesse cenário que a gestão pecuária deixa de ser um diferencial e passa a ser indispensável, com controle preciso do rebanho. Mas o que isso significa para quem vive e respira o campo?

A resposta vem de estudos, como o da Embrapa, que apontam para uma transformação inevitável: em 2040, as propriedades estarão integradas a tecnologias de ponta, desde o manejo até o mercado. Porém, essa mudança não é apenas uma visão distante. Ela já começou e está impactando a forma como o pecuarista planeja o futuro.

O que muda na prática?

Imagine que você pudesse:

  • Saber exatamente quantos animais estão prontos para venda;
  • Saber a produtividade de arroba por hectare ao ano (@/h ano);
  • Controlar a saúde do rebanho sem perder nenhuma informação;
  • Identificar a margem líquida por arroba (@);
  • Ter certeza de que aquela vaca prenha não foi vendida por engano (sim, isso acontece!);
  • Gerenciar quantas vezes uma fêmea foi exposta em controles de acasalamento no manejo de reprodução;
  • Acompanhar os resultados financeiros da fazenda em tempo real;
  • Tornar os manejos mais rápidos e a coleta de dados mais segura e correta.

Tudo isso já é possível hoje, e os resultados são impressionantes. Vou compartilhar com você o caso do José Roberto, pecuarista de Teodoro Sampaio (SP). Ele tinha um problema comum: já havia vendido, mais de uma vez, matrizes prenhas para o frigorífico por falta de controle adequado. Depois que implementou o sistema de gestão digital iRancho, nunca mais teve esse tipo de prejuízo.

Através do uso de tecnologia blockchain e recursos tecnológicos IoT, como chips eletrônicos, sensores RFID, balanças eletrônicas, os pecuaristas têm acesso a ferramentas que facilitam a gestão da propriedade e integração de informações que permitem não apenas o controle do rebanho, mas também do estoque de insumos, os dados financeiros, a rastreabilidade e os programas de melhoramento genético da propriedade rural.

Mais do que resolver problemas, a tecnologia muda a forma de enxergar o negócio. Uma propriedade bem gerida reduz perdas, aumenta o lucro e, de quebra, atende às crescentes demandas de mercados exigentes.

Uma pecuária tecnológica é mais sustentável

Quando falamos em tecnologia e controle de gado na pecuária, não estamos pensando apenas em produtividade – estamos construindo um futuro mais sustentável para todos. Por exemplo, você já ouviu falar em “carne carbono neutro”? É uma tendência crescente, onde o produtor compensa todas as emissões de carbono da produção.

O mercado está mudando, e os consumidores querem saber cada vez mais sobre a carne que levam para casa. Não é só uma questão de qualidade – eles querem ter certeza de que estão comprando produtos ambientalmente responsáveis.

E a rastreabilidade bovina com tecnologia blockchain está revolucionando essa narrativa, transformando cada pedaço de carne em uma história completa e verificável. Com sistemas como o SafeBeef, um simples QR Code pode revelar toda a jornada do animal, garantindo transparência total, segurança alimentar e valorizando o trabalho de quem produz com responsabilidade e cuidado.

Como o controle de gado ajuda no bem-estar animal?

Ainda quando falamos em sustentabilidade, o bem-estar animal é fundamental. Com uma gestão tecnológica, você pode:

  • Acompanhar individualmente a saúde de cada animal
  • Garantir nutrição adequada e personalizada
  • Registrar todas as práticas de manejo
  • Comprovar o cumprimento de protocolos de bem-estar

O melhor de tudo? Essas práticas não são apenas boas para o planeta – elas também são excelentes para o seu negócio. Mercados premium, como a União Europeia e países asiáticos, pagam mais por carne que atende a critérios rigorosos de sustentabilidade e bem-estar animal.

A carne que recebe o selo SafeBeef de rastreabilidade permite que o consumidor visualize dados que atestem sua procedência, como nutrição, pesagem, lugares por onde o animal passou, manejos, abate e muito mais. Dessa forma, será possível garantir uma qualificação ao produto, que ele é ambiental e socialmente sustentável e seu consumo é seguro. Além disso, a carne pode ser habilitada para receber um prêmio na venda para o frigorífico, aumentando o lucro da fazenda.

E não precisa ser complicado. Com as ferramentas certas, você consegue transformar sua fazenda em um modelo de produção sustentável, mantendo e aumentando a rentabilidade do seu negócio.

O Banco do Brasil tem apoiado essa transformação digital no campo, facilitando o acesso dos produtores a tecnologias que fazem a diferença no dia a dia e, inclusive, criando o Programa Pecuária Mais Sustentável, que prevê a participação de toda cadeia: dos pecuaristas aos frigoríficos e abatedouros.

O objetivo do programa é integrar a concessão de crédito para recuperação de áreas degradadas com tecnologia, rastreabilidade, sustentabilidade e elevação da pecuária nacional. Alguns dos parceiros do programa são o próprio iRancho, que apoiará a gestão dos empreendimentos; e o SafeBeef, que realizará a rastreabilidade animal.

Leia também:

Como a automação financeira está simplificando a gestão de despesas corporativas

Economia de Carbono Neutro: perspectivas futuras

Comentários:

Seu e-mail não vai aparecer no comentário.

Carregando Comentários...