No primeiro momento da nossa conversa sobre startups, falamos principalmente sobre sua criação e objetivos necessários. Você ainda não leu? Então aproveite pra ficar por dentro e volta, que dá tempo. Seguindo aqui, vamos conhecer quais são os principais estágios que uma startup percorre até ganhar corpo.
O desenvolvimento de um Produto Mínimo Viável (ou, em inglês, MVP, Minimum Viable Product) bem como a realização de testes exigem a captação de recursos para que possam ser viabilizados. Essa é uma fase, muitas vezes, determinante para que a startup consiga crescer exponencialmente seu negócio. O levantamento de capital (fundraising) é feito por meio de rodadas de investimento que vão desde um investimento-anjo até rodadas mais estruturadas, como Série A, Série B etc. Já vamos falar logo a respeito delas.
De acordo com a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o investimento em startups brasileiras alcançou as cifras de quase R$ 20 bilhões em 2020, volume 17,8% superior ao montante aportado em 2019.
Segundo o levantamento Inside Venture Capital Brasil, feito pela Distrito Dataminer, foram realizadas 482 rodadas de investimento, número 17% superior em relação ao ano de 2019, como pode ser visto no gráfico abaixo:
Pode-se dizer que a jornada de captação de investimentos realizada pelos fundadores requer tempo, foco e relacionamento para que se tenha sucesso. O tipo de investimento varia de acordo com seu objetivo e estágio em que a startup se encontra.
Vamos seguir, então, com os principais estágios da jornada de uma startup.
Ideação
Nesse estágio, a startup está em fase de definição do plano e o seu conjunto de ações ou intenções do produto/serviço e de desenvolvimento de projeto. Os investidores, nesse momento, são os próprios fundadores, seus amigos e familiares (bootstrapping).
Pre-seed
Também chamada de Pré-semente, essa etapa envolve a execução do projeto, modelagem do negócio, validação de ideias, formação de um time e desenvolvimento do MVP. Não existe faturamento e, por isso, faz-se necessário o levantamento de recursos para que a startup siga com sua ideia.
No Brasil, a rodada Pre-seed varia de R$ 100.000 a R$ 700.000, e os potenciais investidores são investidores-anjo, que contribuem com recursos financeiros, expertise e relacionamentos, além de aceleradoras e incubadoras. Essas duas últimas oferecem espaço físico, suporte técnico, conhecimento de mercado, consultorias para pitch e captação e networking para acelerar a escala.
Seed
No Brasil, as rodadas de investimento Seed variam de R$ 1 milhão a R$ 5 milhões. O capital levantado nessa rodada tem como objetivo garantir a estabilidade da startup que, nessa fase, já validou seu produto, desenvolveu um plano de marketing e vendas, incorporou questões de governança e está focada em encontrar o PMF (Product Market Fit).
Investidores-anjo também financiam esse estágio, assim como os Crowdfundings de Investimento, que são plataformas de financiamento coletivo, em que empreendedores apresentam suas ideias, dizem quanto precisam para fazê-la deslanchar e qualquer pessoa que tome conhecimento da startup e acredite no projeto pode investir um determinado valor em troca da compra de uma porcentagem de participação no negócio.
Série A
De acordo com a Distrito Dataminer, no Brasil, das 1.066 captações que ocorreram nos estágios Pre-seed e Seed, entre 2011 e 2020, somente 26% conseguiram atingir a Série A. Nesse estágio, a startup está consolidada no mercado, com produto/serviço bem definido e desenvolvido, base de usuários estruturada e com faturamento expressivo. O objetivo é levantar capital para escalonar o produto/serviço e ajustar o modelo de negócio.
Nessa etapa, destacam-se como investidores os fundos de Venture Capital (o capital de risco do investidor do negócio) que, em troca de percentuais de participação, fazem aportes entre R$ 5 milhões e R$ 40 milhões.
Com foco em startups dos estágios Seed e Série A, o BB lançou o Programa de Investimento em Startups, que tem como objetivo principal melhorar a experiência de seus clientes, ampliando o leque de soluções financeiras e não financeiras oferecidas.
O programa busca não apenas o retorno financeiro, mas também o retorno estratégico, promovido pelo intercâmbio cultural feito por meio do compartilhamento de expertises entre o BB e as startups.
Série B
Nessa fase, a startup tem como principais pontos levantar recursos para expandir seu mercado, realizar novas contratações, adquirir empresas e melhorar processos e as estratégias de marketing e vendas. Ao passar para essa fase, é muito provável que a startup consiga novos investimentos de Venture Capital. Os aportes podem chegar a dezenas de milhões.
Série C
Os recursos levantados nessa fase têm como foco a expansão internacional, aceleração das operações e aquisição de concorrentes para domínio do mercado. As rodadas variam de U$ 100 milhões a U$ 250 milhões e possuem como investidores fundos de Venture Capital e Private Equity (o capital que vem de empresas geralmente de gestão de investimentos que dão suporte financeiro ou investem diretamente em empresas iniciantes). No Brasil, a maior parte dos aportes nesse estágio são estrangeiros.
Segundo dados levantados pela Distrito Dataminer, em média, 97% das startups não chegam a uma rodada Série C. Entretanto, em 2020, esse estágio foi o que concentrou o maior volume de investimentos pelos gestores de Venture Capital, como podemos ver no gráfico abaixo.
Para continuar crescendo, as startups seguem levantando capital nos estágios seguintes, por meio de sucessivas rodadas de investimento chamadas de Série D, Série E e assim por diante. Segundo a Distrito, os estágios mais avançados têm aportes realizados, geralmente, por investidores estrangeiros.
Initial Public Offering (IPO)
O termo, traduzido para o português, significa “Oferta Pública Inicial” e refere-se à fase de abertura de capital, em que a empresa realiza pela primeira vez uma oferta pública de ações ao mercado. Essa fase ocorre após algumas rodadas de investimentos, quando a startup já está num estágio de maturidade de seus negócios mais elevado e é capaz de lidar com os riscos dessa operação.
Esses são os principais estágios para que você possa se familiarizar sobre como funciona o financiamento de startups. Vale lembrar que os investidores potenciais têm interesse em saber se a solução que sua startup traz é escalável (algo que pode se reproduzir em grandes quantidades, repetidamente, sem precisar de recursos, seja dinheiro ou mão de obra na mesma proporção) e, realmente, gera valor para as dores dos seus clientes. Então, antes de apaixonar-se pela ideia da sua empresa, apaixone-se pelos problemas dos seus potenciais clientes.
O mundo das startups é muito rico e impossível de se falar tudo de uma vez. Se mantenha ligado por aqui que nossa conversa com certeza ganhará novos capítulos.
Ah! E se você se interessou e quiser saber mais sobre o Programa de Investimento em Startups, é só dar uma olhadinha aqui.
Comentários:
Carregando Comentários...