Especial Dia Internacional das Mulheres
Sororidade. O termo define a relação de conexão, afeição ou amizade entre mulheres, semelhante à que idealmente haveria entre irmãs. Há também uma camada adicional no significado da palavra: a ideia de que as mulheres ficam mais fortes quando se unem.
Ao conversar com as integrantes do Comitê de Administração do Centro Cultural Banco do Brasil Rio Janeiro (CCBB-RJ), que, desde fevereiro de 2022, pela primeira vez na história, é totalmente composto por mulheres, é possível enxergar todo o potencial da combinação entre competência e sororidade em ação.
Sueli Voltarelli, Bianca Mello, Marcela Monteiro e Caroena Neves são as responsáveis por oferecer ao público carioca uma programação cultural plural, regular, acessível e de qualidade.
Além de serem mulheres, mães e excelentes profissionais, elas têm em comum o fato de que, mesmo percorrendo caminhos diferentes, suas vidas se encontraram em um dos maiores centros do mundo dedicado à arte e à cultura.
Histórias que se entrelaçam
A gerente geral do CCBB RJ, Sueli Voltarelli, é descendente de italianos que se mudaram para o interior de São Paulo. Até os 15 anos, morou em uma fazenda onde eram produzidos os itens que, após comercializados, garantiam o sustento da família. Os pais sempre se esforçaram para Sueli e seus irmãos estudarem. Por meio da educação, ela viu a sua vida ser transformada.
“Eu entrei no Banco do Brasil em abril de 1993 e trilhei um longo caminho até chegar à gerência do CCBB RJ. Quando entrei no banco, foi um acontecimento extraordinário para toda a minha família, e isso só foi possível porque meu pai batalhou muito para que eu e meus irmãos estudássemos. E foi uma conquista muito grande, a coroação de um esforço da família inteira, na verdade.”
Sueli também acredita que seu sucesso profissional, além do próprio esforço, é resultado das lições aprendidas com todas as pessoas com quem conviveu. “Aprendi com a minha família a ser muito determinada, mas eu acredito também que eu sou o resultado das pessoas maravilhosas que passaram pela minha vida, como professores, colegas de trabalho e chefes, que foram muito inspiradores. A primeira vez que eu fui nomeada para assumir um cargo no BB, por exemplo, eu estava voltando de licença-maternidade, e foi uma mulher que me nomeou. Atitudes como essa me fizeram acreditar no poder das pequenas ações diárias. Eu sou contra o machismo. Então, além de educar os meus filhos nesse sentido, o que eu posso fazer enquanto gerente de um centro cultural para diminuir o preconceito? Como eu posso contribuir para essa luta? Dando espaço a mulheres competentes, inteligentes e capazes”.
A promoção posterior à licença-maternidade marcou tanto a vida de Sueli que ela não hesitou quando teve a oportunidade de repetir o gesto. Depois de ocupar o cargo de gerente de comunicação e administrativo no CCBB RJ, Sueli nomeou Bianca Mello para assumir a condução da assessoria de imprensa do Centro Cultural. A coincidência é que Bianca também estava retornando de licença-maternidade após dar à luz gêmeos.
Para Bianca, filha de funcionários do BB e parte da equipe do Banco há 20 anos, a oportunidade de trabalhar em um novo cargo promoveu mudança significativa em sua vida, principalmente pelo fato de que ela tinha acabado de se tornar mãe. “Existe uma frase que circula pela internet que diz assim: ‘esperam que mulheres trabalhem como se não tivessem filhos e criem filhos como se não trabalhassem’. Pra mim, filho tinha que entrar no currículo. Nós aprendemos gestão de crises e conflitos, melhores formas de organização e uma série de outras coisas. Não somos formados só pela academia e pela experiência profissional, nós também somos formados pela vida. E a maternidade ajuda muito a administrar o trabalho, porque muda o nosso olhar”.
Em fevereiro de 2022, ao ser nomeada como gerente de conteúdo, Bianca adquiriu também a consciência de que ela é exemplo para outras mulheres. “Eu comecei no Banco como amarelinha e ficava na sala de autoatendimento para ajudar os clientes. Era uma função tão simples e satisfatória que eu me sentia uma heroína. Ao olhar pra trás, em retrospecto, eu percebo que o mais incrível de estar nesta posição é colaborar para que mais mulheres se enxerguem em lugares de liderança. Se eu for esse exemplo pra alguém, ficarei imensamente feliz”.
A prova viva de que as mulheres sempre são fonte de inspiração umas para as outras é a gerente da área de Patrimônio e Administrativo do CCBB RJ, Marcela Monteiro. Seguindo o exemplo da mãe, ela decidiu prestar concurso para o Banco do Brasil. “A minha mãe era funcionária dos Correios, e eu sempre admirei o fato de o trabalho dela oferecer uma certa estabilidade. E isso me chamava atenção. Eu decidi, então, prestar concurso para o BB em 1999. No ano 2000, eu fui chamada e fiquei muito feliz. A minha família também comemorou muito”.
Marcela passou, então, a ter outro sonho: trabalhar no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro. E, quando ela menos esperava, a oportunidade chegou. “Eu sempre fui muito interessada pela arte, tanto que fiz faculdade de História da Arte na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Trabalhei durante quatro anos em uma agência ali perto da Central do Brasil, e, sempre que havia alguma reestruturação, me perguntavam onde eu gostaria de trabalhar. Eu sempre respondia que o meu sonho era o CCBB RJ, mas apesar de estar tão perto fisicamente, parecia muito distante. Até que, em 2004, surgiu uma vaga na área administrativa do Centro Cultural. Eu topei na hora! Fiquei muito feliz e desenvolvi toda a minha carreira nesse setor. Outro fator positivo é que, após trabalhar tanto tempo em uma área, virei referência em outros CCBBs. E, no meio da pandemia, quando surgiu um processo seletivo para a gerência administrativa, eu participei e fui comissionada em novembro de 2020”.
Para Marcela, não há dúvidas de que a formação do Comitê composta por quatro mulheres faz toda a diferença. “A nossa sensibilidade nos aproxima ainda mais da missão de encantar as pessoas que visitam o CCBB. A gente quer que todo mundo saia feliz após uma visita, e isso tem muito a ver com o fato de sermos mulheres, mães e cuidadosas. Nós trabalhamos para que as pessoas sintam que é possível sonhar, que a arte e a cultura fazem parte da vida e contribuem para a formação do ser humano”.
Caroena Neves, gerente de programação do CCBB RJ, também acredita no poder transformador da arte. Ela só teve a oportunidade de conhecer o espaço quando assumiu um cargo na área administrativa. Desde então, a sua vida mudou completamente. “Eu me esforcei muito e consegui entrar na faculdade. Até que eu fiz um estágio no Banco do Brasil e fiquei sabendo que iam abrir as inscrições pro concurso, mas eu não tinha dinheiro pra pagar o cursinho e estudar pras provas. Eu decidi, então, fazer o concurso do IBGE para recenseador e usar o salário para pagar o cursinho que ia me ajudar a passar pro BB. O meu plano deu certo, e, após ser aprovada, eu comecei a trabalhar em uma agência em Caxias (RJ). Trabalhei lá por três anos, e o CCBB não estava nos meus planos, até porque era muito distante da minha realidade. Mas recebi uma ligação me oferecendo uma vaga no Centro Cultural e eu aceitei. Quando cheguei, era como se tivesse atravessado um portal. Comecei a ter contato com esse universo da cultura, e tudo mudou, o meu modo de enxergar a vida e a maneira como eu me enxergo, porque eu nem me reconhecia como uma mulher negra. Foi uma reconstrução total”.
Para Caroena, a sua missão agora é tornar o CCBB RJ um lugar cada vez mais acessível: “eu nasci na baixada fluminense, no município de São João de Meriti, e tive uma vida que é comum a toda menina negra de um lugar mais pobre. Mas eu sempre tive muita vontade de ser mais e eu sabia que a única forma de fazer a diferença na minha vida era por meio da educação. Agora, após 21 anos de carreira como gerente de programação do CCBB RJ e fazendo parte de um comitê totalmente composto por mulheres, eu sinto que nós estamos no lugar certo para trabalhar temas muito importantes e que precisam ser resolvidos o quanto antes. E a arte e a cultura têm esse poder de revolução. Eu acredito muito nisso”.
Números que fazem a diferença
Com mais de 30 anos de história, o Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro já recebeu mais de 58 milhões de visitantes e apresentou mais de 2.450 projetos nas áreas de artes visuais, cinema, teatro, dança, música e pensamento. Isso lhe rendeu o título de centro cultural mais amado do Rio de Janeiro. Desde 2011, o CCBB RJ figura no ranking anual do jornal britânico The Art Newspaper, projetando o Rio entre as cidades com as mostras de arte mais visitadas do mundo.
O prédio dispõe de três teatros, duas salas de cinema, cerca de 2 mil metros quadrados de espaços expositivos, auditórios, salas multiuso e biblioteca com mais de 200 mil exemplares. O CCBB ainda mantém e preserva os acervos do Banco do Brasil no Arquivo Histórico e Museu Banco do Brasil. Os visitantes contam ainda com restaurantes, cafeterias e loja, serviços com descontos exclusivos para clientes BB.
O CCBB RJ está aberto ao público às segundas, das 9 às 21h. De quarta a sábado, das 9 às 21h, e aos domingos, das 9 às 20h.
E, além das programações dos CCBBs Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Brasília, no site, você encontra uma novidade muito legal: se quiser conferir uma exposição que não pôde visitar ou ainda conhecer uma unidade fora da sua cidade, agora é possível fazer um tour virtual interativo com detalhes sobre as peças, os artistas e muito mais. Os CCBBs estão de portas abertas para recebê-lo.
Série especial Dia Internacional das Mulheres
Esta matéria narra a trajetória de Sueli, Bianca, Marcela e Caroena e é a primeira de uma série a qual homenageará mulheres notáveis que fazem parte da história do Banco do Brasil.
Nos próximos dias, você vai poder acompanhar, aqui no Blog BB, como funcionárias, clientes e parceiras utilizam a sua potência e contribuem para que o BB seja mais próximo e relevante na vida de todos os brasileiros. Continue acompanhando!
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