Conteúdo atualizado em 8 de janeiro de 2024
Especial Dia Internacional das Mulheres
Na segunda matéria que celebra o Dia Internacional das Mulheres, o Blog BB traz um texto assinado por Marisa Reghini, vice-presidente de Negócios Digitais e Tecnologia do Banco do Brasil, sobre desafios e conquistas femininas na área de TI (tecnologia da informação).
Confira:
No final do mês passado, eu comemorei 18 anos de chegada à área de TI do BB. Desde 2005, o 31 de janeiro tem um significado especial na minha vida porque foi ali que concretizei um sonho profissional que vinha acalentando desde a minha adolescência: trabalhar com tecnologia em uma grande empresa.
O caminho foi desafiador, mas sempre contei com muito apoio e incentivo da minha família. Pude estudar em escolas que ajudaram a desenvolver meus talentos e interesses, e ingressei no Banco do Brasil, empresa que historicamente investe muito na formação e no desenvolvimento de competências dos seus funcionários.
No entanto desde o início desta caminhada percebi que meu universo profissional era eminentemente masculino.
De acordo com a Unesco, apenas 30% da força de trabalho em tecnologia é de mulheres. Esse desequilíbrio acaba representando uma carência de talentos em áreas nas quais as mulheres são especialmente fortes, como resolução de problemas e inteligência emocional. Hoje, o mercado reconhece que talentos diversos podem contribuir com soluções mais inovadoras, e promover vantagens negociais para as empresas.
Quando me tornei gerente, tomei uma decisão: trabalhar para incentivar mais mulheres a trilharem essa carreira e a contribuírem para a construção de soluções de TI mais ricas, abrangentes e eficientes. De lá para cá pude, com a ajuda de grandes mulheres, criar fóruns de discussão e estratégias e começar a mudar esse cenário.
Nascimento do Mulheres da TI no BB
Uma dessas iniciativas, que pude apoiar desde o seu nascimento, foi a criação do grupo Mulheres da TI no BB.
Em 2018, na Diretoria de Tecnologia do BB (Ditec), surgiu um primeiro movimento, denominado ElasnaTI, no WhatsApp, com o objetivo de divulgar temas de tecnologia entre as participantes e fazer ações proativas para o aumento do número de mulheres no mercado de tecnologia.
Em 2022, retomamos o assunto com o lançamento do Movimento Mulheres na TI, que surgiu para consolidar uma iniciativa voluntária de colegas do BB unidas em torno da discussão sobre a presença feminina no mercado de tecnologia.
O movimento nasceu com o propósito de “realizar ações em todo o BB e fora dele para despertar o interesse e incentivar as mulheres a trabalhar com tecnologia”. Mas, a despeito de todas as discussões que já vínhamos tendo, nos questionamos sobre o que realmente nos motivaria a levar adiante esse movimento e de onde tiraríamos o incentivo para gerarmos o interesse de meninas e mulheres no mercado de TI.
Para responder a esse questionamento, lembrei-me de necessidades pelas quais eu, e muitas colegas de profissão, em diversos momentos, vivi durante a caminhada:
• Falta de incentivo à autoconfiança: mesmo com excelentes resultados escolares nossa autoconfiança foi prejudicada, às vezes nos fazendo sentir incapazes.
• Ausência de um(a) mentor(a): não havia muita gente para apresentar a TI como uma opção viável de profissão.
• Pouca ou nenhuma orientação: faltava alguém para esclarecer que TI também é para mulher e que existem várias profissões na TI.
• Onde buscar inspiração: muitas meninas e até mulheres adultas desconhecem modelos femininos que as inspirem.
• Falta de informação: a profissão de TI ainda é desconhecida e cercada de muitos mitos que afastam interessadas.
Para sanar essas dificuldades, dentro do Mulheres da TI no BB, buscamos trabalhar em três pilares: comunicação, capacitação e mentoria. O movimento nasceu com apenas 10 voluntárias, e hoje já passamos de centenas de integrantes. Estamos estabelecendo diálogos ricos, dentro e fora do BB, realizando lives com profissionais da área para incentivarmos, inclusive, o desenvolvimento de competências de liderança.
O Relatório Índice de Mulheres no Trabalho, da Price Waterhouse Coopers (PwC) de 2021, trouxe a constatação de que “ao atrair mais mulheres para setores de maior remuneração, como tecnologia, elas ajudarão a reduzir a diferença salarial e aumentar o empoderamento econômico das mulheres, em benefício da economia e da sociedade da região”. Num Brasil de tantas desigualdades, sabemos que nossa profissão pode fazer a diferença na vida de tantas meninas e mulheres, nas nossas comunidades, e principalmente nas empresas.
Esse precisa ser nosso legado!
“Para que mais mulheres se interessem por TI como uma opção de carreira viável, elas devem ter acesso a mais modelos de atuação.”
(Mulheres na Tecnologia, Pesquisa da PwC)
E como começa a história das mulheres na tecnologia?
Durante as décadas de 1960 a 1980, as mulheres estavam muito presentes no mercado de engenharia de software, enquanto na parte de hardware tínhamos destaque de homens. Mas a história feminina no segmento começa bem antes, com mulheres pioneiras, exemplos que fizeram diferença na evolução da tecnologia e que, por vezes, são esquecidas.
Podemos citar algumas como: Grace Hopper, criadora da Linguagem COBOL; Mary Kenneth Keller, primeira americana a finalizar o PhD em Ciência da Computação; Margaret Hamilton, líder da equipe desenvolvedora do sistema de voo da missão Apollo; Carol Shaw, primeira mulher a entrar no mercado de videogames, trabalhando na Atari; e muitas outras.
As mulheres na TI têm encontrado um cenário cada vez mais favorável para elas. Isso acontece, principalmente, devido às medidas de inclusão realizadas no setor de tecnologia. É fundamental continuar esse movimento, pois, dessa forma, podemos viabilizar um cenário mais favorável para todas as mulheres na TI, buscando maior equilíbrio nas oportunidades e condições de trabalho.
Tecnologia é muito mais do que TI
O Banco do Brasil é uma empresa que vem construindo uma história de apoio à economia do país há 214 anos. Somos uma empresa que cuida de pessoas, em suas mais diversas situações de vida, e acredito que isso garantirá o nosso futuro.
Mesmo com a contribuição extremamente valiosa de várias mulheres que fizeram toda a diferença para que tenhamos a tecnologia de hoje, muitas ainda olham para as carreiras relacionadas à TI como algo inatingível.
O fato é que, quando se fala em Tecnologia e Negócios Digitais, é normal todos imaginarem que somos uma área muito técnica. O que poucos pensam é que o que fazemos no dia a dia é buscar soluções cada vez mais individualizadas para os clientes, funcionários e usuários das nossas plataformas. E, para construir essas soluções, temos muito mais necessidade de competências humanas do que técnicas.
Precisamos dialogar com os diversos públicos, ter empatia com suas demandas e seus desafios, desenvolver uma escuta ativa e um olhar dedicado para a experiência de cada usuário. Eu acredito que nosso papel é de manter um olhar para o futuro e desbravar novas fronteiras de possibilidades de negócios.
Iniciativas como a do Movimento Mulheres da TI no BB vão muito além de reparar a desigualdade de gênero em termos numéricos, com a simples inserção de mulheres na área de tecnologia. Elas possibilitam novas visões na construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo, o que, por sua vez, impulsiona a criação de produtos e serviços cada vez mais inovadores. E para que possamos alcançar esse cenário de igualdade, é fundamental a participação de todos.
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