Kleber Rodrigues é boardgamer, músico, cinéfilo e maratonista (de séries). Curte trocar ideias com uma galera sobre como transformar o trabalho complexo em algo simples. Devorador de livros e de várias comidas. Ele ama conversar sobre a vida, o universo e tudo mais e trabalha em Transformação Ágil e Governança de TI.

Kleber Rodrigues

Quando falamos em encontros, imediatamente pensamos em conexões humanas e a magia inerente a elas. Há uma força quase palpável quando nos reunimos à mesa para jogar um jogo de tabuleiro (board game). Seja rodeado de amigos de longa data, familiares queridos ou até mesmo rostos desconhecidos que logo se tornarão companheiros de jogo, existe uma energia única que preenche o ambiente. Em uma era dominada pelo digital, onde a interação virtual muitas vezes supera a real, esse retorno ao tátil, ao face a face, é algo surreal.

Ao se sentar à mesa, deixamos de lado nossos dispositivos e nos desligamos temporariamente das constantes notificações e demandas do mundo online. Nossos olhos não estão mais voltados para as telas luminosas, mas sim para o tabuleiro à nossa frente e, mais importante, para as pessoas com quem compartilhamos essa experiência. Esse ato de focar no presente, no jogo e nas interações humanas, é um resgate de uma simplicidade que muitos de nós perdemos ao longo do caminho.

E, no coração desse encontro, repousa uma igualdade fundamental. Não importa a idade, a profissão, o background ou qualquer outra característica que defina os jogadores fora daquela mesa; ali, todos são jogadores com um objetivo comum. Seja decifrando as regras, traçando uma estratégia vencedora, competindo em boa disputa ou simplesmente rindo de um movimento inesperado, todos estão imersos no mesmo universo, buscando compreender, jogar, triunfar ou, em muitos casos, simplesmente encontrar alegria e diversão no momento compartilhado.

Regras, Diretrizes e Estratégia

Em cada aspecto da vida, seja no mundo dos negócios ou no universo dos jogos de tabuleiro, existem estruturas e normas que guiam nossas ações. Toda empresa ou projeto se sustenta sobre diretrizes e regras específicas, formando a base que orienta seu funcionamento e direção. Da mesma forma, cada jogo de tabuleiro vem com seu próprio conjunto de regras, oferecendo um esqueleto sobre o qual os jogadores construirão suas experiências.

Cada jogador, ao se deparar com essas regras, se vê na posição de interpretar e internalizar, buscando compreender plenamente seu papel no jogo. Este processo de compreensão e adaptação é semelhante à maneira como um novo empregado se integra a uma empresa, aprendendo suas funções, responsabilidades e a cultura organizacional. A estratégia, então, emerge dessa compreensão. No jogo, isso pode envolver alianças, traições, planejamento a longo prazo ou decisões táticas imediatas. No ambiente corporativo, a estratégia é moldada pela visão, missão e objetivos da empresa, levando em consideração recursos, concorrência e o mercado.

A importância do planejamento estratégico não pode ser subestimada, seja no contexto de um jogo de tabuleiro ou em um projeto profissional. Ele é o mapa que guia os participantes, fornecendo clareza e direção. No jogo, essa estratégia pode significar a diferença entre uma vitória esmagadora e uma derrota dolorosa. No mundo dos negócios, determina se uma empresa floresce, se mantém estável ou enfrenta obstáculos. Em ambos os cenários, as regras, diretrizes e estratégias moldam as experiências, os desafios e, finalmente, os resultados.

O novato nos jogos de tabuleiro e analogia com o team building

Agora, imaginem um novo jogador chegando à mesa. Ele nunca jogou esse game, há uma hesitação, uma incerteza. Não é muito parecido com a sensação de ser o “novo” em uma equipe de trabalho? Aquela sensação de território desconhecido?

E aqui entra a beleza da inclusão. Nos jogos, os veteranos normalmente acolhem, ensinam, compartilham dicas e estratégias. No ambiente corporativo, isso se traduz em mentoring, suporte e integração.

Recepcionar é uma arte

Em um mundo tão conectado e dinâmico, a habilidade de receber e integrar é uma verdadeira forma de arte. Seja dando as boas-vindas a um novo jogador em um tabuleiro ou acolhendo um colega de trabalho recém-chegado, a essência da recepção vai muito além da mera transmissão de informações, regras ou procedimentos. O verdadeiro valor de recepcionar reside em criar uma atmosfera na qual o recém-chegado se sinta não apenas incluído, mas valorizado.

Trata-se de estender a mão e guiar alguém pelo desconhecido, garantindo que eles se sintam parte vital do grupo desde o início. É sobre criar um ambiente onde as dúvidas são bem-vindas, onde cometer erros é visto como parte natural do processo de aprendizado e onde cada indivíduo é encorajado a se desenvolver e prosperar.

Recepcionar bem significa também criar pontes de comunicação. Em um jogo, isso pode envolver a discussão de táticas, a exploração de estratégias ou simplesmente compartilhar risadas sobre um movimento inusitado. No ambiente de trabalho, trata-se de garantir que cada membro da equipe entenda seu papel, esteja alinhado com os objetivos da organização e se sinta confortável para compartilhar insights, preocupações ou ideias.

Tanto em jogos quanto em ambientes profissionais, a presença de empatia é crucial. A habilidade de se colocar no lugar do outro, de entender suas perspectivas e sentimentos, é o que torna a recepção tão especial e impactante. E, com uma comunicação fluida e um espírito de colaboração, os grupos se tornam mais resilientes, adaptáveis e bem-sucedidos.

Em última análise, recepcionar não é apenas uma ação, mas uma filosofia; é a crença de que, juntos, somos mais fortes, mais sábios e mais capazes. Seja em torno de um tabuleiro ou em uma sala de reuniões, a arte da recepção é a chave para construir comunidades coesas e prósperas.

Os board games, em sua essência, são uma representação simplificada de muitas dinâmicas que encontramos no mundo real, especialmente no ambiente profissional. Então, na próxima vez que jogar e receber um novo jogador, veja isso como uma oportunidade de prática para acolher e integrar. E lembre-se: tanto no jogo quanto no trabalho, o mais importante é se conectar, colaborar e curtir o processo!

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