Quem decide investir em ações tem dois caminhos. O mais comum é adquirir papéis que já estão em circulação em bolsas de valores. E isso pode ser feito com muita facilidade, por meio das plataformas de home broker e dos apps para investimentos.

A outra opção é investir em empresas que estão chegando para vender suas ações no mercado financeiro pela primeira vez. Esse movimento é conhecido como Oferta Pública Inicial, ou IPO (Initial Public Offering), na sigla em inglês. 

Para os donos do negócio, fazer um IPO é uma forma de captar dinheiro para uma expansão, por exemplo. Para o investidor, é mais uma opção de aplicar o seu dinheiro buscando oportunidades de rentabilização. Claro, para aqueles que possuem perfil para embarcar na renda variável.

Logo abaixo, vamos ver como o IPO influencia o mercado, ajuda empresas a crescer e amplia as possibilidades de compras de ações como investimento. Além de entender como avaliar as ofertas públicas iniciais antes de investir o dinheiro.

Por dentro do mercado financeiro

Para entender o IPO é preciso conhecer minimamente o mercado financeiro. Vamos nos concentrar nas duas principais classes de investimento: a renda fixa e a renda variável

Imagine que você é um profissional recém-formado, chegando ao mundo do trabalho. Uma empresa te oferece emprego fixo, daqueles que você sabe o quanto vai receber no fim do mês e onde terá a chance de levar uma vida estável.

O concorrente também está interessado em te contratar, mas remunera de um jeito diferente. Nesta segunda empresa você vai ganhar por comissão. Há chances de faturar alto em um mês, e em outros receber o mínimo.

No nosso exemplo, o primeiro caso é como a renda fixa e o segundo, como a renda variável. Ambas podem fazer você ganhar dinheiro, mas se na renda fixa você tem uma ideia de quanto vai ganhar no final do mês sem passar por muitos sustos, na renda variável as chances de ganhar mais aumentam, assim como o risco.

No mercado financeiro você pode ter um pouco de cada. Aliás, essa é uma máxima: diversificar os investimentos.

Bolsa de Valores: cresce o interesse do brasileiro

É possível sermos donos de um pedacinho de várias das grandes e/ou expoentes empresas brasileiras. Como? Comprando ações dessas empresas.

Uma ação é uma parte pequena de uma empresa. Comprando a ação, você se torna um sócio. A Bolsa de Valores comercializa ações de várias delas. Ao escolher uma ação, acreditamos que aquela empresa vai dar certo e vai remunerar seus acionistas por isso.

Na Bolsa de Valores, empresas e pessoas estão vendendo suas ações, enquanto, do outro lado, tem gente querendo comprar. Nos Estados Unidos, 65% das pessoas investem na bolsa. Com uma população de 325 milhões de pessoas, é como se mais de um “Brasil” investisse nesse mercado por lá.

Somos mais de 200 milhões de brasileiros e cada vez mais pessoas acreditam que a renda variável pode fazer parte da carteira de investimentos. 

De 2020 para 2021, a quantidade de investidores na B3 dobrou, chegando a 3,2 milhões de pessoas. A tendência continua forte, sendo que apenas nos 6 primeiros meses deste ano, mais 500 mil investidores chegaram ao mercado.

O que é um IPO?

Um IPO, ou uma oferta pública inicial, é o início da negociação das ações de uma empresa na Bolsa de Valores. É a partir do IPO que uma empresa passa a existir na Bolsa. 

IPO: um caminho para captar dinheiro

Quando uma empresa decide ir para a Bolsa de Valores, ou B3 (aqui, o BBB de Brasil, Bolsa e Balcão virou B3), o dono geralmente busca recursos, para uma expansão ou para iniciar um novo projeto, por exemplo. Ao fazer uma oferta pública inicial, está oferecendo a investidores a chance de comprarem uma parte do seu negócio. 

A empresa que decide realizar um IPO pode fazer a abertura por meio de uma oferta primária de ações, secundária ou a combinação entre as duas. 

Na distribuição primária, a empresa emite e vende novas ações ao mercado. Ou seja, o vendedor é a própria companhia; logo, os recursos obtidos vão para o caixa da empresa. 

Na distribuição secundária quem vende as ações é o empreendedor ou algum de seus sócios. Ou seja, são vendidas ações que já existem. 

Agora, tanto faz se a distribuição será primária ou secundária. Quando as ações são compradas, a empresa amplia o seu quadro de sócios. Os investidores passam, então, a ser seus parceiros e proprietários de “um pedaço” da empresa.

Em um IPO, normalmente as empresas são vendidas com um “desconto” em relação ao seu preço justo. É o que desperta o interesse dos investidores em escolher ações da empresa estreante em relação aos seus pares já negociados em bolsa.
E, se você se interessou pelo o que leu por aqui, dá um pulo depois no episódio 15 da websérie Deseconomês, que lá tem mais explicações sobre ofertas públicas.

O primeiro IPO do Brasil

Foto histórica de uma agência do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1926
Agência do Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, em 1926. Foto: Arquivo Histórico do Banco do Brasil

O momento é o início do século XIX. A família real portuguesa decide vir para o Brasil. Logo que chegam ao Rio de Janeiro, um dos objetivos de Dom João VI é fundar um banco. 

Em uma conversa com os governadores das capitanias, o Rei pede que eles busquem acionistas para aquele que ficaria conhecido como o primeiro IPO do Brasil. Foram longos nove anos para reunir o capital inicial de 1.200 contos de réis. 

Entre tantas mudanças históricas em nossa economia, não é simples chegar a uma conversão exata de réis para reais e muito se baseia em quanto custavam as coisas naquela época. Mas, é possível dizer que hoje o valor seria algo próximo a 147 milhões de reais.

Já imaginou qual foi o banco? Sim! O Banco do Brasil, fundado em dezembro de 1809, foi o protagonista da primeira oferta pública inicial de ações feita no País. Hoje, segundo a Forbes, o BB é a quinta maior empresa de capital aberto do Brasil.

Alguns pontos de observação para você que se interessou em participar de uma IPO:

O que desperta o interesse 

Possibilidade de lucrar com a valorização das ações;

Possibilidade de desconto no preço da ação em relação ao seu preço justo e a seus pares já negociadas em bolsa;

Diversificação no modo de investir em renda variável;

Possibilidade de vender as ações no primeiro dia de negociação, a depender das regras do IPO;Pagamento de dividendos (divisão de lucros), em alguns casos.

Pra ficar alerta

Investimento com risco mais elevado;

Desconhecimento do mercado sobre a capacidade de entrega da empresa investida;

Por ainda não existir um histórico da performance das ações, a análise para a decisão de investir precisa envolver outros elementos sobre o desempenho da empresa.

Renda variável descomplicada

Investir em renda variável é mais simples do que parece. Esqueça a imagem das bolsas de valores nos filmes da década de 1990, com operadores estressados, falando ao telefone sem parar. Hoje qualquer pessoa pode comprar e vender ações por um aplicativo de celular

Comprar ações é uma opção para todos, desde que se tenha perfil de investidor para isso. Aplicar o dinheiro na renda variável e ficar pensando com cabeça de renda fixa pode ser um sofrimento. 

Escolher a ação, por outro lado, merece mais tempo. É importante estudar o mercado, entender o momento daquela empresa e a possibilidade de rentabilização com aquele papel. 

Mas, não se preocupe: você pode contar com as sugestões de ações preparadas pelos especialistas do BB. Eles já fazem toda essa análise do mercado, das empresas, das tendências gráficas, e mensalmente entregam sugestões de onde investir

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