Cris Hoffmann – Mulher, mãe, especialista em investimentos e em diversas outras coisas aleatórias.
Na escola da minha filha não se faz festa de Halloween. Em respeito a determinadas religiões, substituíram esse evento pelo Baile Encantado, que é uma festa à fantasia divertidíssima, em que fantasmas e zumbis dão a vez para fadas e princesas. E super heróis. E bebês tubarão. Enfim, vocês entenderam.
Mas para nós, adultos em geral, é difícil pensar em outubro sem lembrar do Halloween. E é nessa vibe que eu quero conversar com você sobre um tipo de terror bem específico, aquilo que é a verdadeira hora do pesadelo para muita gente: o momento de conferir o extrato da conta bancária.
Tem gente que olha todo dia. Outros, toda semana. Tem os que consultam uma vez por mês, e olhe lá. Mas o Instituto Vozes da Minha Cabeça afirma que, para a maioria dos pobres mortais, esse ato traz muito mais emoções negativas do que positivas. Muito mais débitos do que créditos. Muito mais fantasmas do que fadas.
(Abre parênteses para uma curiosidade aleatória: quando criança, eu sempre ficava admirada vendo meu pai sacar um extrato do caixa eletrônico. O extrato era bem comprido, cheio de linhas, e eu achava aquilo lindo, o auge da vida adulta. Anos depois, ele abriu uma conta universitária pra mim, e eu me frustrei um pouco porque meu extrato era curtinho. Somente quando cheguei na fase adulta foi que descobri que o extrato comprido tinha somente uma linha de crédito, o resto era de débito. Ou seja, não era tão bonito assim.)
Cara a cara com o extrato bancário
A forma como encaramos o nosso extrato bancário fala muito sobre como fomos criados, sobre nosso histórico de vida e familiar, sobre nossas crenças relacionadas ao dinheiro. Para muitos de nossos ancestrais, que passaram por guerras, por toda sorte de crises e dificuldades financeiras, faz muito sentido que se tenha uma relação tumultuada com a grana. Afinal, as ideias passadas de geração em geração nos dizem que ganhar dinheiro é muito difícil, que é para poucos, que a gente tem que se esforçar ao máximo para não gastar, e que gastos, por si só, são ruins. Que pessoas ricas só são ricas porque logram os outros, porque sonegam impostos, porque nasceram em berço esplêndido.
Muito disso vem da crença de não-merecimento. Não nos sentimos merecedores de ter dinheiro. Esquisito, não é? Mas é bem comum. E mais louco ainda é quando a pessoa até consegue ganhar dinheiro, às vezes bastante dinheiro, mas desperdiça os recursos, faz mau uso da riqueza apenas para se livrar dela e voltar para a condição que ela acredita que merece, que é a de escassez. E quem diz que dinheiro é sujo? É assombração atrás de assombração.
Obviamente nada disso é feito de plena consciência. Não preciso discorrer aqui sobre o infinito que existe em nosso subsconsciente e que determina grande parte de (senão todas) nossas ações. Mas refletir sobre isso pode nos tornar mais atentos em relação ao assunto, permitindo afastar aquele obsessor que insiste em soprar no seu ouvido “você não merece”.
Acredite em mim, você merece! Você é centelha divina, criatura! Você merece saúde, merece conforto, merece uma boa condição de vida, merece desfrutar da vida com a sua família, você merece trabalhar por um propósito, e não somente para pagar os boletos. Por que não mereceria? Você já viveu tanta coisa, já aprendeu muito, já se melhorou tanto! Igual à invocação da Loira do Banheiro, olhe-se no espelho e diga três vezes: Eu mereço! Eu mereço! Eu mereço!
Tem espaço para melhorar mais? Sempre terá, mas brinde ao fato de ter chegado até aqui, olhe para o que já conquistou e celebre ter aquilo que um dia foi sonho. Reconheça e agradeça pelo que já tem, e disponha-se a receber mais. Uma vez eu conheci uma moça que, quando pagava seus boletos, anotava “pago” e logo embaixo, “gratidão”. Quando perguntei por que ela fazia aquilo, ela me disse que agradecia toda vez que pagava um boleto porque, se estava pagando, é porque tinha recursos para isso, então ela agradecia. Achei tão interessante esse modo de ver.
Mude sua relação com o dinheiro
Outra prática que pode ser bastante útil nesse processo é o conceito de dízimo. Não da forma como fomos ensinados, como uma obrigação, um dever que, se não cumprido, gera culpa e te manda diretamente para o inferno. É pra ser leve e positivo, lembra? Separar uma parte do que se ganha e doar para quem precisa, além de ser gratificante e ajudar o próximo, gera uma dinâmica na energia da prosperidade. Afinal, se o Universo percebe que você está dividindo o que tem, não seria lógico ele te proporcionar mais, para que você pudesse ajudar mais? Eu acredito nisso. Imagine se você doar 5% do que ganha. Parece muito? Mas você vai ter os outros 95% para viver. Não é melhor olhar por esse lado?
Trabalhe sua mente de forma a transformar sua relação com o dinheiro. Devagar, um pouquinho por dia, pense no dinheiro como uma energia neutra, que pode servir a bons ou maus propósitos, a depender de quem o utiliza e como. Vire a “chavinha” de Halloween para Baile Encantado, de escassez para abundância ilimitada. Converta o sentimento negativo em positividade e gratidão. Só assim você vai deixar de ver sua conta-corrente nas trevas e começar a enxergar a luz. Existe muita luz no fim desse túnel, e te garanto que não é o trem.
Menos Michael Myers, mais Elvira Rainha das Trevas: feliz outubro pra você!
Leia também:
Como organizar gastos mensais e planejar o orçamento? Conheça o Minhas Finanças
Educação financeira: dicas para começar
O perfil da mulher investidora brasileira (ou não)
Comentários:
Carregando Comentários...