A forma como as pessoas tomam decisões se torna mais importante nas estratégias de negócios.

Entender como elas reagem e quando elas reagem se tornou um investimento vital para as instituições.

Vivemos atualmente um momento de transformação digital em uma sociedade globalizada e tecnológica, que proporciona fácil e amplo acesso à informação, rapidez e amplitude das comunicações, além de instantaneidade nos relacionamentos.

Nesse contexto, é visível também a formação de um público de consumidores vorazes e cada vez mais exigentes, que tem diversas opções de serviços à sua disposição e grande praticidade para acessá-los.

O setor bancário não escapou a este movimento e a digitalização de suas atividades se mostra uma tendência já consolidada, com a crescente realização das transações via internet banking e mobile, além da entrada das fintechs no mercado.

Para se manter atualizado neste contexto, as instituições bancárias têm alocado investimentos cada vez maiores na busca por soluções tecnológicas que coloquem o cliente no centro das estratégias de negócio.

Dentro desse processo, iniciou-se a busca por metodologias que levassem a um conhecimento maior a respeito dos hábitos de consumo dos clientes, suas experiências e preferências para assim conseguir antecipar seus desejos.

Para mensurar essas informações e transformá-las em conhecimento, o investimento em ferramentas de análise de dados tem sido constante, buscando transformar a ampla quantidade de dados obtidos em soluções negociais mais atrativas para o consumidor final.

Diante dessa aproximação da tecnologia e dos estudos analíticos, que visam melhorar a experiência dos clientes e manter as instituições financeiras aderentes ao movimento do mercado, um caminho interessante a ser abordado é o da Economia Comportamental, como ferramenta complementar para o entendimento de comportamentos subjetivos dos agentes econômicos.

Esse campo de estudo aproxima as áreas da economia e psicologia, trazendo uma teoria que nos permite visualizar a maneira pela qual os clientes podem ter seus hábitos de consumo e comportamentos diários guiados por vieses comportamentais.

Este termo “economia comportamental” surgiu nos anos 70, inicialmente a partir das pesquisas de Daniel Kahneman e Amós Tversky, dois psicólogos israelenses que publicaram a Teoria da Perspectiva (Prospect Theory), através da qual buscava-se explorar de maneira mais realista o processo de decisão dos agentes econômicos, corrigindo problemas detectados na teoria econômica tradicional.

Posteriormente, Richard Thaler, economista americano, continuou abordando o tema, chegando inclusive a receber o Prêmio Nobel de Economia, em 2017, com trabalhos que abordavam as escolhas irracionais dos seres humanos e como elas são baseadas em questões subjetivas e culturais.

Economia comportamental, ilustração. Banco do Brasil

Para a economia comportamental, as pessoas fazem suas escolhas com base em hábitos, experiências e regras práticas simplificadas.

Elas buscam rapidez no processo decisório e são fortemente influenciadas por fatores emocionais e pelos comportamentos dos outros.

Dessa forma, os economistas comportamentais buscam entender e modelar as decisões individuais e dos mercados a partir dessa visão alternativa, com base em:

  • Heurísticas, que são “atalhos” ou “respostas rápidas” que o cérebro humano utiliza para encontrar as soluções de forma mais fácil para questões cotidianas;
  • Vieses cognitivos, que são erros sistemáticos do processo de tomada de decisão, que ocorrem quando estamos processando e interpretando informações ao nosso redor.

Por meio desses conceitos, podemos entender melhor como as influências cognitivas, sociais e emocionais, sejam elas conscientes ou inconscientes, afetam o ser humano em suas escolhas.

Levando tudo isso em conta, podemos dizer que o ferramental proposto pela Economia Comportamental é muito rico e pode ser utilizado pelas instituições financeiras para construir produtos e serviços mais aderentes às reais necessidades de seus clientes, se voltando cada vez mais para a consolidação de um modelo de negócios sustentável e positivo para todos.

Sobre a autora: Talita Schiavon atua como assistente no escritório Exclusivo Limeira (SP). É economista, com pós-graduação em Finanças e MBA em Liderança Inovadora.

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