Desde o lançamento no Brasil em junho, ao rolar o feed das redes sociais, memes e posts trazem alusões ao filme Divertida Mente (em inglês Inside Out), para cada nicho a sua identificação. Assim que começou o recesso escolar de julho, por exemplo, pais e professores dispararam nas postagens das emoções.
Até a redação desse artigo, a segunda edição da franquia “Divertida Mente” contabilizou uma renda de R$ 360 milhões, superando a primeira edição, de acordo com site Meio & Mensagem.
Além da qualidade da animação, incluindo roteiro e demais aspectos técnicos da produção, o tema do filme recordista de bilheteria mexe com o imaginário e proporciona conexões diretas com os espectadores. Os mais animados inclusive caracterizam-se das personagens para ida ao cinema. E você? Qual emoção lidera a sua sala de comando?
Falar de emoção nem sempre é fácil, aliás, não temos o hábito de abordar o tema no dia a dia, mas o filme Divertida Mente apresenta o tema de forma leve e literalmente divertida proporcionando aprofundarmos em outras questões. Uma delas é a relação entre o dinheiro e as emoções.
Como as emoções afetam nosso comportamento?
Imagine aquele passeio que planejou fazer nas férias e ao contabilizar os possíveis gastos percebe que o orçamento não será suficiente. A primeira sensação é de frustração. E depois pode ser que os pensamentos se organizem e novos planos comecem a surgir. E quando uma criança pede insistentemente um brinquedo e um adulto responde: “em outro momento a gente compra”. Levante a mão quem nunca presenciou a cena ou foi a própria pessoa nessa situação. A criança que ainda está em processo de amadurecimento fica inconformada e as vezes abre aquele berreiro. Por que isso acontece?
Segundo a especialista em Psicologia do Dinheiro Valéria Meirelles, antes de olharmos o mundo de forma racional, o vemos a partir das nossas emoções e como seres humanos, mesmo ainda criança, estabelecemos relações emocionais com o dinheiro pelo poder de compra.
Numa situação clássica de birra, a frustração ocupa a mente infantil e os responsáveis sejam pais, avós, tios ou babás muitas vezes precisam exercitar o autocontrole para não ceder a pressão ou perder a paciência num acesso de raiva.
E quando a situação ocorre conosco? Mesmo os adultos, que acreditam estar conscientes das suas ações, muitas vezes caem nas ciladas das emoções e agem por impulso comprando algo além das possibilidades momentâneas. Mas acontece também de algumas pessoas se privarem de momentos de lazer ou um pouco mais de conforto por acreditar que o consumo pode levar a escassez. Nessa situação também é preciso avaliar o que leva a essa escolha.
É importante reconhecer as emoções
O primeiro passo para saber se é hora de fazer uma compra ou não é reconhecer as emoções que envolvem a situação. Muitas vezes se estamos felizes queremos comemorar, se estamos tristes queremos uma compensação e quando estamos entediados buscamos algo novo.
Se na cabeça da Riley, personagem que dá vida às emoções, essas se revezam em diferentes momentos, o mesmo ocorre em nossa mente. Temos respostas emocionais para cada situação e estímulos que recebemos e isso se reflete em nossas escolhas com relação ao uso do dinheiro.
Ter um olhar atento para as nossas próprias emoções é determinante para tomada de decisões financeiras, assim como para fazer o controle dos gastos e o planejamento futuro.
Aliada a auto-observação podemos nos fazer as clássicas perguntas:
- Eu preciso?
- É necessário?
- Posso pagar por isso sem comprometer meu orçamento?
- Pesquisei o preço para saber se esse é o melhor custo-benefício?
- Posso esperar?
E acredito que tem uma das mais importantes: por que eu quero fazer isso? Não vale responder porque mereço, pois é óbvio que trabalhamos para ter nossas compensações seja pelo reconhecimento pessoal e financeiro, seja pela satisfação ao contribuirmos para a sociedade por meio do nosso trabalho. Mas para além de merecer, por que escolhemos gastar ou não?
O consumo em si não é o problema. Para a economia girar é preciso ter quem produza, quem oferte e quem compre. Gastar definitivamente não é o problema. Mas, na realidade do Brasil, onde a a educação financeira ainda é um assunto a ser aprofundado, é muito importante que cada vez mais possamos conversar sobre o tema e como nossas emoções refletem no nosso comportamento financeiro.
Como a Economia Comportamental afeta nosso dia a dia?
A Economia Comportamental é uma disciplina relativamente nova e traz em seu conceito a ideia de que as nossas decisões são tomadas com base nas experiências pessoais, nas influências externas como comportamentos dos outros, nos hábitos e nas regras práticas simplificadas. É uma teoria mais próxima da realidade que expõem a dificuldade que temos em equilibrar interesses de curto e longo prazo.
Aqui no Blog BB já abordamos o assunto em outro post.
O fato é que de acordo com a Economia Comportamental não tomamos nossas decisões de forma racional como imaginamos. Nossas escolhas muitas vezes são diretamente influenciadas por nossas emoções.
Assim como vemos no Divertida Mente 2, sem dar spoiler dos acontecimentos, a grande lição que aprendemos é que saber conciliar as nossas emoções nos auxilia na melhor tomada de decisão e nossas atitudes. Em comparação com a vida financeira isso é diretamente aplicado na relação que temos com o dinheiro. Afinal, o dinheiro é um meio para alcançarmos diversas conquistas como experiências e bens, e o uso que fazemos dele é resposta daquilo que sentimos.
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