O dia começa com uma xícara de café com leite. Para chegar mais rápido ao trabalho, a opção é chamar um táxi. O almoço também será corrido, provavelmente um delivery de aplicativo. Afinal, precisa dar tempo de ir naquela consulta médica agendada há mais de um mês. Consegue contar quantas cooperativas estavam presentes só na primeira parte desse dia?

A produção e os serviços das cooperativas estão na nossa rotina, há muito tempo. E por essa importância o modelo de organização é celebrado anualmente, em todo o mundo, no primeiro sábado de julho. A ideia é lembrar a contribuição dos pioneiros e, principalmente, disseminar as vantagens do cooperativismo para os negócios e a economia. 

Essa história começou em 1844, quando 27 tecelões e uma tecelã do bairro de Rochdale, na cidade inglesa de Manchester, formaram a “Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”

Eles buscavam uma alternativa para atuarem no mercado, que não reproduzisse os preços abusivos e a exploração da jornada de trabalho de mulheres e crianças, uma realidade desde a Revolução Industrial. 

A pequena cooperativa de consumo não só melhorou as condições desses tecelões, como mudou os padrões econômicos ao dar origem ao movimento cooperativista. Cerca de dez anos mais tarde o “Armazém de Rochdale” já tinha 1.400 cooperados. 

Cinquenta anos mais tarde, em 1885, foi criada a Aliança Cooperativa Internacional para preservação e defesa dos princípios cooperativistas. Assim o cooperativismo começou a ganhar o mundo. No Brasil, por exemplo, a primeira cooperativa foi constituída em 1889, em Ouro Preto (MG): a Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários de Ouro Preto.

Em 1995, para comemorar o centenário da Aliança, o Dia Internacional das Cooperativas, ou #CoopsDay, foi celebrado pela primeira vez. A data móvel, sempre no primeiro sábado de julho, foi proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1992.

A importância do cooperativismo nos dias de hoje

No mundo, já são 1,2 bilhão de cooperados. É como se uma a cada sete pessoas estivesse associada a alguma cooperativa.

O modelo emprega 250 milhões de colaboradores em 100 países. Se as 300 maiores cooperativas fossem um país, poderiam ser a nona economia do mundo. 

Imagine o que as 3 milhões de cooperativas do mundo movimentam?

No Brasil, as cooperativas também são muito fortes: metade do que é produzido no campo passa de alguma forma por uma cooperativa, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o anuário do Cooperativismo Brasileiro, publicado em dezembro de 2020, nos últimos oito anos, o número de pessoas que se uniram ao Sistema OCB cresceu 62%. A quantidade de empregos gerados aumentou 43%.

Até o final de 2020, 5,3 mil cooperativas brasileiras estavam com registro ativo na Organização das Cooperativas Brasileiras, o Sistema OCB. 

Um dos ramos do cooperativismo, o de Saúde, é inclusive uma invenção brasileira copiada por vários países. Neste modelo, grupos de médicos e dentistas se unem para prestar serviços de prevenção e assistência à saúde, caso de alguns planos de saúde. 

Qual é o objetivo de uma cooperativa?

O modelo cooperativo cresce em todo o mundo como solução e opção a uma economia marcada pela desigualdade de rendimentos. 

A definição, os princípios e os valores do cooperativismo, alinhados internacionalmente, distinguem o modelo de todas as outras formas de organização empresarial. 

Segundo o Sistema OCB, a adesão a uma cooperativa é aberta a todas as pessoas que tenham interesse, sem qualquer discriminação. 

Os cooperados contribuem com bens ou serviços para o exercício de uma atividade econômica, de proveito comum, sem objetivo de lucro. Os membros atuam equitativamente e controlam democraticamente o capital da sua cooperativa. 

Por serem centradas nas pessoas, as cooperativas não perpetuam nem aceleram a concentração de capital. Um dos princípios é a distribuição da riqueza gerada em conjunto de maneira mais justa. 

Vantagens – Ao associar-se a uma cooperativa, pequenos empreendedores e produtores, autônomos e empresas já consolidadas tornam-se donos de um negócio em que todos têm poder de voto, conseguem taxas menores e maiores vantagens. O cooperado recebe uma parte dos resultados da cooperativa e toda a comunidade sai ganhando. 

“Um dos pontos fortes das sociedades cooperativas está na capacidade que têm de equilibrar o econômico e o social nas suas atividades e de ter esse equilíbrio como objetivo. Esta é uma entre várias particularidades que diferenciam o modelo organizacional das cooperativas no mercado.”

Sistema OCB

Quais são os tipos e os ramos de cooperativas?

O desempenho crescente do setor coloca o cooperativismo com uma possibilidade viável e cada vez mais disseminada. As sociedades cooperativas podem ser divididas em três tipos de acordo com a dimensão e os objetivos da organização: 

1º Grau – Singular – Cooperativa para pessoas 

Presta serviços diretos aos associados e exige, no mínimo, 20 cooperados, sendo permitida a admissão de pessoas jurídicas, desde que não operem no mesmo campo econômico da cooperativa.

2º Grau – Central ou Federação – Cooperativa para cooperativas

Organiza de forma comum e em maior escala os serviços das filiadas, facilitando a utilização dos mesmos. Deve ser constituída por pelo menos três cooperativas singulares.

3º Grau – Confederação – Cooperativa para federações

A diferença em relação às federações é que as confederações são formadas por, no mínimo, três cooperativas centrais ou federações de qualquer ramo.

As cooperativas estão em diversos setores da economia e foram divididas em ramos, de acordo com o tipo de trabalho que fazem. Até 2019 eram 13 ramos diferentes. 

Hoje, o Sistema OCB classifica as cooperativas em sete tipos:

  • Agropecuário – relacionadas às atividades agropecuária, extrativista, agroindustrial, aquícola ou pesqueira.  Seu foco é receber, comercializar, armazenar e industrializar a produção dos cooperados, além de oferecer assistência técnica, educacional e social. 
  • Crédito – promove a poupança e oferece soluções financeiras, com preço justo e condições vantajosas. O foco do cooperativismo de crédito são as pessoas, não o lucro.
  • Trânsito – atuam na prestação de serviços de transporte de cargas e passageiros, como transporte individual (táxi e mototáxi), transporte coletivo (vans, micro-ônibus e ônibus), transporte de cargas ou motofrete, transporte escolar.  
  • Trabalho, Produção de Bens e Serviços – engloba as prestadoras de serviços especializados a terceiros ou que produzem bens como beneficiamento de material reciclável e artesanatos. 
  • Saúde – o Brasil é pioneiro e referência nesse ramo, inspirando outros países. São as famosas cooperativas de médicos, dentistas e outros profissionais da área, e as de usuários que se reúnem para constituir um plano de saúde.
  • Consumo – composto por cooperativas que realizam compras em comum, tanto de produtos quanto de serviços, para seus cooperados; assim como para contratação de serviços educacionais e aquelas de consumo de serviços turísticos. 
  • Infraestrutura – reúne fornecedores se serviços como energia e telefonia, seja repassando a energia de concessionárias ou gerando a sua própria; e as de construção de imóveis para moradia. O foco é acessar condições fundamentais para o desenvolvimento. 

O BB apoia as cooperativas 

Em junho, o Banco do Brasil assinou um convênio com o Grupo Betânia para beneficiar produtores rurais de uma das mais importantes cadeias produtivas do Nordeste, com capacidade de processamento de 1 milhão de litros de leite por dia.

O programa abrangerá pequenos, médios e grandes produtores vinculados à empresa e deve atender mais de 2 mil famílias. 

Hoje o Betânia atua em todo o ecossistema de produção do leite, mobilizando 3,5 mil famílias produtoras em cerca de 130 municípios nordestinos. 

O convênio com o BB vai facilitar o acesso dos produtores a crédito assistido, apoiando a tecnificação no campo, a qualificação da produção e a redução de custos.

“A parceria do BB com a Betânia Lácteos reflete o alinhamento dos objetivos do Banco e do cliente, que se preocupam em evitar que o produtor rural deixe o campo. Assim, nos juntamos para viabilizar acesso ao crédito adequado às necessidades desse produtor, além de disponibilizar apoio técnico qualificado e acompanhamento durante todo o processo.” 

– João Carlos de Nóbrega Pecego, vice-presidente de Negócios de Atacado do BB

O Banco do Brasil disponibiliza uma série de soluções para cooperativas rurais urbanas e de crédito, trazendo também soluções específicas para cooperativas agropecuárias, como o BB Convir, convênio rural entre o banco e as empresas integradoras ou cooperativas de produção agropecuária. 

O BB Agro Custeio Cooperativas é um convênio entre o Banco e as cooperativas para apoiar a cadeia agropecuária. Há, também, soluções específicas para as cooperativas de crédito e de outros ramos. 

Este conteúdo foi útil

Comentários:

Seu e-mail não vai aparecer no comentário.

Carregando Comentários...