Cada esporte tem uma dinâmica própria para definir quem vence. Nas modalidades medidas por pontuação, ganha quem supera os adversários em quantidade. É assim no vôlei e até nos eSports, por exemplo. A emoção caminha ponto a ponto. Já em outras práticas esportivas, o triunfo é de quem completa o percurso primeiro, em menos tempo do que os rivais. O alívio só vem na linha de chegada. Em Tóquio-2020, mesmo vendo a competição pela TV, a gente remou junto com o canoísta Isaquias Queiroz na conquista de um ouro olímpico.
Mas há vários outros esportes em que conhecer o vencedor depende de fatores subjetivos. Porque quem decide é um corpo de jurados, a partir de critérios técnicos. Prata nas Olimpíadas e ouro nos X-Games, a skatista Rayssa Leal tem se destacado na Liga Mundial de Skate Street por fazer a torcida prender a respiração até a divulgação da última nota: contando a temporada passada, já são quatro vitórias de virada na manobra final. É nesse sistema de pontuação que se encaixa o surfe.
As regras da WSL, que é a Liga Mundial de Surfe e o campeonato mais importante para a elite dos atletas dessa modalidade, são bem descritas e fundamentadas, mas dependem da subjetividade em cada disputa.
Para compreender melhor essas regras, o Blog BB explica a seguir como funciona a pontuação no surfe:
1. Quem disputa com quem?
De acordo com o regulamento da WSL, cada etapa é dividida por rodadas (rounds), e cada rodada tem um número de baterias (ou heats). Nelas, de dois a quatro competidores disputam entre si pela melhor pontuação. O vencedor avança para a próxima rodada. Nas rodadas finais, as batalhas são entre dois surfistas, um contra um.
2. Quem avalia?
Em cada bateria, com duração média de 30 minutos cada, os surfistas recebem notas de cinco jurados, em uma pontuação que vai de 0 a 10. Sempre são avaliadas as duas melhores ondas de cada competidor, não importando, portanto, quantas o atleta conseguir completar.
A melhor e a pior nota dadas pelos juízes são descartadas, e a nota válida é a média das três restantes. Assim, a nota máxima que o surfista pode alcançar em uma bateria é de 20 pontos (duas notas 10).
3. Quais são os critérios?
Para ter a melhor média possível, os surfistas precisam realizar manobras considerando cinco pontos principais:
● Comprometimento e grau de dificuldade
● Manobras inovadoras e progressivas
● Combinação de grandes manobras
● Variedade de manobras/repertório
● Velocidade, força e fluidez
A pontuação das notas é dividida assim:
0 a 1.9 – Ruim
2 a 4.9 – Regular
5 a 6.4 – Boa
6.5 a 7.9 – Muito boa
8 a 10 – Excelente
Com base nesses critérios, os jurados avaliam as entradas de cada surfista em cada onda e pontuam o conjunto da obra naquela exibição.
Ou seja, apesar da avaliação subjetiva, é necessário ter versatilidade na execução de manobras e valorizar a onda escolhida.
E, para avaliar cada um desses pontos, os juízes consideram as condições do mar no momento das baterias. Pode ser que a maré esteja favorável aos atletas em um dia, e menos favorável em outro. Assim as notas levarão em consideração a capacidade dos surfistas dentro das possibilidades dadas.
4. Prioridade e interferência
Quando os atletas estão na disputa da bateria, eles podem escolher qual onda vão surfar. Nas baterias com até quatro participantes, eles podem até dividir a mesma onda. Mas quando as disputas são um contra um, existe uma regra importante que deve ser observada: a prioridade.
Juízes que acompanham de perto a disputa indicam com bandeiras da cor da lycra do atleta quem tem prioridade na onda. Essa prioridade é momentânea.
O atleta que rema primeiro até o outside, onde as ondas se formam, recebe a primeira prioridade e pode escolher a onda que deseja surfar sem sofrer interferência. Assim que ele pega a onda, mesmo que a perca logo em seguida, a prioridade passa para o próximo competidor.
Quando acontece de dois competidores pegarem a onda juntos, o primeiro atleta que consegue retornar à linha de arrebentação ganha prioridade na escolha da próxima onda.
Se o atleta com a prioridade decidir pegar uma onda, o seu adversário direto também pode pegar a mesma onda. Porém não deve atrapalhar a execução dos movimentos do outro competidor. Caso isso aconteça, quem não tem a prioridade pode tomar uma punição por interferência.
Os surfistas penalizados com interferência, na maioria dos casos, acabam somando apenas a nota de uma onda. Ou seja, a média das notas daquela bateria vai sofrer um impacto significativo.
WSL em ação
Agora que você já sabe como funcionam as principais regras desse esporte incrível, pode se preparar para acompanhar a última etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe. Anote aí na agenda: de 25 a 28 de agosto, em Ubatuba (SP), que é a terceira etapa das classificatórias regionais do World Surf League Qualifying Series no Brasil.
Lembrando que o *Circuito Banco do Brasil de Surfe tem transmissão ao vivo pelo WorldSurfLeague.com e pelo Aplicativo WSL. Ou seja, você pode prestigiar a etapa no litoral norte paulista ou aproveitar todos os detalhes pela tela do seu dispositivo.
*O circuito tem patrocínio do Banco do Brasil e da BB DTVM.
E aí, curtiu?
Leia também:
Dicionário do surfe: curta a WSL como um pro
Comentários:
Carregando Comentários...