Investidores estão cada vez mais atentos aos assuntos relacionados à temática ASG (Ambiental, Social e de Governança), revendo suas carteiras e, em alguns casos, retirando dos seus portfólios empresas com algum risco relacionado aos critérios socioambientais.

O mercado de proteínas, que é responsável pelo abate de animais e processamento das proteínas bovina, suína e de frangos, é frequentemente citado nos debates quando a agenda é a temática ASG, devido às características intrínsecas do setor.

Além dos pilares Social e Governança, o pilar Ambiental tem um peso relevante sobre o segmento, por conta das dúvidas relacionadas à origem dos animais e à suspeita de desmatamentos ilegais, com o objetivo de ampliar a área de pastagem disponível.

Diante deste cenário e por conta da importância da temática ASG, os agentes deste segmento começaram a se movimentar. Nos últimos meses, as principais empresas do setor anunciaram diversas medidas para mitigar seus riscos ambientais, melhorar a estrutura e práticas de governança e, ainda, incentivar ou ampliar ações de fomento ao desenvolvimento das regiões onde estão instaladas.

Como exemplo deste movimento, temos a criação de uma plataforma blockchain, que é uma ferramenta que funciona como um grande ambiente de registro de operações, para monitorar os elos da cadeia de fornecimento, com o intuito de rastrear a origem dos animais, reduzindo desta forma o risco de compra de animais que foram procriados ou criados em áreas de desmatamento ilegal.

De forma mais estruturante, observamos o lançamento de produtos provenientes de animais inseridos em um sistema de produção pecuária-floresta, cujo foco é neutralizar as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) e que concede ao produto a certificação CCN (Carne Carbono Neutro), pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).

Ainda, vimos a implantação de melhorias nos programas de bem-estar animal, com ações voltadas especificamente a instrumentos de mercado, como o ranking global de bem-estar animal BBFAW (Business Benchmark on Farm Animal Welfare), os investimentos para produção de energia de fontes renováveis, reduzindo desta forma a dependência de energia intensivas em carbono e o aumento na utilização de embalagens recicláveis, reutilizáveis ou biodegradáveis.

Todas estas ações, além de reduzir os riscos ambientais do negócio, promovem ganhos de produtividade, como mostra o primeiro protocolo para produção de carne com baixa emissão de carbono no Brasil, segundo estudo publicado pela Embrapa em maio de 2021. Entre os principais ganhos alcançados pelo protocolo, aparece como relevante a possibilidade de aumentar o número de animais/ha e o peso de carcaça/ha, em 125% e 163%, respectivamente, em relação ao manejo convencional.

Tudo isso coloca a indústria nacional na vanguarda da tecnologia da produção de proteínas, mitigando um ponto sensível sob o aspecto ASG, gerando valor para o acionista e para a sociedade em geral.

Confira aqui o link para o relatório Embrapa.

Fábio Augusto Damião Nogueira

Assessor

Divisão de Análise Fundamentalista e Quantitativa

Este conteúdo foi útil

Comentários:

Seu e-mail não vai aparecer no comentário.

Carregando Comentários...